Política
"O verdadeiro limite do modo de produção capitalista é o próprio capital, é o facto de que o capital e a sua autovalorização aparecem como o ponto inicial e o ponto final da produção, como o seu motivo e o seu fim; que a produção é somente produção para o capital e não, ao contrário, que os meios de produção sejam simples meios para um desenvolvimento cada vez maior do processo de vida em favor da sociedade dos produtores". (Marx). A Economia teria de estar subordinada à Sociedade e não o contrário.
Leitura recomendada. "Desde há vários anos que o sistema capitalista tem vivido uma longa crise de estagnação. Segundo o autor, para se confirmar este facto, basta comparar-se as estatísticas do crescimento entre o final da II Guerra Mundial e o início dos anos 70, com as duas últimas décadas. Guilherme da Fonseca-Statter em “
Os Erros de Marx e as Asneiras dos Outros” (edições Zéfiro) relata-nos que Karl Marx – visto por muitos apenas como “profeta maldito” – já tinha alertado para estas possibilidades de uma forma extremamente detalhada, como relembram vários artigos, ensaios e livros recentemente saídos a público”
quem foi Ladislau von Bortkiewicz? (pag 74/75)
(…) passemos agora às conclusões a que chegou Ladislau Bortkiewicz, matemático russo de ascendência polaca que viveu entre 1868 e 1935.
Tendo então estudado (presume-se que de forma exaustiva) a obra de Karl Marx, Bortkiewicz chegou à conclusão que Marx se tinha enganado, estava mesmo profundamente errado na solução que tinha proposto para um alegado “problema da transformação” de “valores” em “preços de produção”. Daí vieram naturalmente a concluir, todos os opositores das ideias de Marx sobre o funcionamento do sistema capitalista que, se Marx estava errado acerca de um assunto tão fundamental como a realção lógica e intrínseca entre “valores” e “preços de produção”, então naturalmente toda a sua análise estava errada e o sistema capitalista não funciona mesmo da maneira como Marx o explicava. Não havia volta a dar-lhe. Era assim e estava o caso arrumado.
Havia no entanto, e continua a ahaver, autores que defendiam e explicavam a “descoberta” de Bortkiewicz não como uma refutação da análise de Marx, mas sim como uma correção. Marx teria apenas cometido “um pequeno errozito”, já numa fase adiantada da sua vida e que não tinha esmo tido tempo de verificar e corrigir. Convém aqui lembrar que este alegado erro de Marx estaria contido na parte final do Volume III da obra “O Capital”, volume esse que foi editado e publicado pelo seu amigo Friedrich Engels já depois da morte de Marx.
O próprio título da obra de Bortkiewicz sugere claramente a ideia de uma correcção à análise de Marx, (“Sobre a Correcção da Construção Teórica Fundamental no Terceiro Volume de O Capital”). O leitor eventualmente mais interessado pode consultar um texto de Bortkiewicz onde este problema é discutido à exaustão. Trata-se da obra “Valor e Preço no Sistema Marxiano” (disponível em http://jphdupre.cheza-lice.fr/livre/pdf/bortkiewicz.pdf )
Neste trabalho em particular, de suposta correcção à forma como é explicada a transformação de “valores em preços” no referido Volume III de O Capital, Bortkiewicz conclui dizendo que:
“A posição especial (de desinteresse, nota do autor) para a qual Marx – no seu modelo – relega o trabalho e o lucro comercial, não tem qualquer justificação. As nossas observações positivas devem pois ser interpretadas no sentido de que, para além do trabalho utilizado na produção de mercadorias, deve-se também levar sempre em conta aquele trabalho que permite às mercadorias alcançar o consumidor”.
Por outras palavras, na explicação da criação do valor (e em cascata na explicação da origem do lucro…) Marx terá cometido o erro de ter dedicado atenção exclusiva à fase de produção de mercadorias, relegando para segundo plano (ou mesmo ignorando, segundo Bortkiewicz) a fase da circulação física (o comércio) de mercadorias. O leitor interessado pode também dar-se ao trabalho de verificar estas asserções no trabalho sobre Bortkiewicz “Sobre la Transformacion de los Valores em Precios de Produccion en el Tercero Libro de El Capital de K. Marx” (texto disponível em http://ar.geocities.com/alfonsoflorido/ bortkiewicz_sobrelatransformacion.pdf )
Ou seja, para Bortkiewicz, Marx tinha cometido o erro de ignorar, ou “passar por cima” do fenómeno do chamado “lucro comercial”. Como deveria ser evidente para qualquer estudioso que se desse ao trabalho de, pelo menos, ler do princípio ao fim as cerca de duas mil páginas de “O Capital”, Marx não relega coisissima nenhuma para segundo plano, aquilo a que tantos autores chamam de “lucro comercial” (por eventual oposição a “lucro industrial”…). O que Marx faz, com bastanete detalhe, é explicar como é que a totalidade do lucro gerado na totalidade do sistema capitalista, acaba por se vir a distribuir pelas diversas categorias de detentores do factor “capital” (nota 32).
Marx explica também, com detalhe q.b., que o valor final das mercadorias é aquele que é determinado pela totalidade do trabalho socialmente necessário para as colocar ao dispor dos seus consumidores finais. Ou seja, incluindo-se aí os custos ou despesas de transportes e circulação. Mas é com base neste tipo de “erros de análise” que muitos dos opositores de Marx descartam por inteiro toda a sua análise do sistema. Não dá para acreditar, mas é mesmo assim”.
(32), nota do autor: “cá está um exemplo da necessidade de se fazer a abordagem analítica a partir da totalidade do sistema,
de “cima para baixo” como soe dizer-se,
em vez de se fazer essa abordagem analítica a partir das partes componentes do sistema…”
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