No domingo passado, li duas reportagens muito bacanas na Revista do jornal "O Globo" (Não confundir com Revista da TV). Uma feita pelo jornalista e blogueiro Mauro Ventura, que além de ser competentíssimo no que faz, é filho do Zuenir Ventura. A outra feita pela jornalista Luciana Pessanha. Nesta postagem, vou falar desta última.
A Luciana entrevistou um dos caras que mais curto no Rock Nacional desde os anos 80, e que embalou ( e ainda embala), muitos momentos marcantes de minha vida. Começo de adolescência em Cabo Frio, paixões concretizadas ou não, festas da AANA, shows inesquecíveis.... Sou um fã inveterado mesmo do Herbert Vianna, e a entrevista feita com ele só serviu para reforçar a minha admiração por esse cara, que apesar de flamenguista (seu único defeito pelo que eu saiba...), mostra-se cada vez mais maduro e consciente de seu papel. A entrevista abordou o documentário "Herbert de perto", que já foi motivo de postagem deste blogueiro há cerca de dois meses. Vou reproduzir aqui alguns trechos começando pelo trecho final da introdução feita por Luciana Pessanha.
"Depois de passar a morte para trás, ele, agora, com sotisficação ímpar, encara de frente os lapsos de memória e percebe, no olhar do interlocutor, quando voltou a um assunto já abordado. Mais uma façanha deste cabra macho da Paraíba que há 27 anos deixa todo mundo de queixo caído."
Quando você começou a tocar? Desde os 3 anos eu gostava de violões de brinquedo. Aos 5, ganhei o primeiro de verdade, que tenho até hoje. No início de minha adolescência, minha família morava na base aérea de Santos, onde um cabo fazia guitarras elétricas. Foi a primeira vez que toquei uma guitarra na vida. Quando fomos morar em Brasília, insisti que meu pai entrasse em contato com ele, para me dar uma de Natal. Mais tarde, esse instrumento foi transformado no primeiro baixo que o Bi (Ribeiro, baixista dos Paralamas) tocou.
O que faz a amizade entre os Paralamas durar tanto? Não há nenhum tipo de artificialidade na convivência. Cada um faz o que quer, e a gente busca tempo para estar junto. temos um código de espaço e respeito.
Em que momento depois do acidente você se deu conta de que se recuperaria? Não tenho lembrança clara de quando comecei a me comunicar de novo. Tenho o flash do momento em que virei para o Hermano (Vianna, seu irmão) e disse: " Se você acha que estou muito distante de mim mesmo, vou te mostrar uma coisa que você me mostrou há muito tempo." E toquei, nota por nota, o solo de "Stairway to Heaven", do Led Zeppelin.
Você diz que se mexia demais no palco e não via a plateia. Agora que consegue ver, quem é o público dos Paralamas? É muito mais diversificado do que eu podia perceber por trás dos rios de suor que deixava no palco. Eu chegava a perder 4 quilos por show, era muito intenso. Hoje me dou o prazer de olhar a expressão das pessoas, quando estão cantando e vestindo a camisa de uma ideia que escrevi por algo que tenha sentido. Quando alguém na plateia aponta para outra pessoa, diz "Às vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais..." e sorri, é um filme para o qual eu não teria como comprar o ingresso.
"Herbert de perto" apresentou você para você ou foi um reconhecimento? Um reconhecimento. Não imagino quantos anos de terapia teria que fazer para ter aquele liquidificador emocional que o filme me causou.
O que é importante para você hoje? O sorriso dos meus filhos e nosso dia a dia é fundamental. Rezar uma Ave Maria com as minhas meninas é muito mais do que jamais pensei que uma oração pudesse representar na vida prática de uma pessoa.
Qual o grande barato da vida? É uma síntese entre se entrgar ao que você ama, à pessoa que mais ama, e, em paralelo, estar fazendo, com seus melhores amigos, o que sonhou na vida. É um gozo tão amplo e único que lamento muito pelas pessoas que não podem sonhar com isso. Mas meu conselho rasteiro e baixo seria: tenta começar.
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Amanhã farei uma postagem acerca da outra matéria, feita com Flordelis dos Santos. E já que está virando moda na blogosfera campista, eu te pergunto: Você conhece Flordelis dos Santos?