"E se o professor Cavaco Silva pudesse nascer duas vezes?"
Política

"E se o professor Cavaco Silva pudesse nascer duas vezes?"


"Cavaco Silva toma, e sempre tomou, os portugueses por parvos. De certa maneira tem razão: a sua estratégia costuma funcionar. Sim, somos todos parvos" (Ana Sá Lopes, jornal I)

Existe um pacto de regime entre o partido dito socialista e o partido social-democrata, duas impossibilidades politicas no actual estádio de desenvolvimento degradado do capitalismo. As coisas não podem funcionar de outro modo: “aumento da produtividade”, apropriação de novos espaços sonegados à natureza, enquanto no já construído as ruínas se avolumam.

Visto no quadro figurativo recente, trata-se de um contrato neoliberal entre Cavaco e Sócrates, no qual um encobre o escândalo BPN enquanto a contraparte lhe paga com o encobrimento do escândalo Freeport.
No início da década, com José Sócrates no ministério do Ambiente, o partido de negócios socialista resolveu abrir uma nova plataforma transcontinental de ligação na margem sul do Tejo. O primeiro investimento a ser captado para essa área foi da casa real inglesa com o projecto Freeport, aprovado ilegalmente. A tribo socialista (em nome do Partido, não apenas do ministro) empochou as respectivas comissões.

Três governos depois, no mesmo âmbito, avançou a plataforma logística do Poceirão, estando prestes a iniciar-se o novo aeroporto e a nova travessia do Tejo. Como contrapartida a tribo social democrata de negócios comprou previamente por uma bagatela os terrenos onde se vão irão situar estes investimentos. Tudo teria corrido optimamente bem, se entretanto não tivesse chegado a crise e a bancarrota… Conquanto a crise seja do capitalismo, os negócios privados dos governantes sobre a coisa pública não param. Eles esperariam alimentar o país as migalhas desses empreendimentos viciados, onde a parte de leão é caçada pelos interesses estrangeiros. Recebidas as comissões à cabeça, sobram as dívidas.

Era então José Sócrates ministro do Ambiente quando o primeiro ministro António Guterres negociou 50 mil milhões de euros com Bruxelas para desenvolver o país. Passado uma década esse dinheiro desapareceu, sem que se conheçam os destinatários concretos no 3º Quadro Comunitário de Apoio, nem sequer quaisquer resultados práticos, excepto talvez o maior número de quilómetros de auto-estradas por metro quadrado na Europa (a subsistência dos empreiteiros do regime). Em 2009 ainda existiram diligências no âmbito da entidade de Combate à Fraude da União Europeia para tentar averiguar a dimensão dos desvios, mas o assunto, engolido pela desmesurada dimensão do polvo, entretanto desapareceu do mapa. Fica a devassa capitalista do território e a pobreza
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