Política
A associação entre crime e política - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 08/09Passadas as primeiras sessões de julgamento do mensalão, ou da Ação Penal 470, é possível que as atenções para o plenário do Supremo Tribunal Federal tenham se reduzido. Mas é provável que o julgamento volte a conquistar audiência quando estiver na pauta a ação do "núcleo político" da "organização criminosa" denunciada pelo Ministério Público Federal, em que se destacam o ex-ministro José Dirceu, além de José Genoino e Delúbio Soares, ex-presidente e ex-tesoureiro do PT. Continua sendo um exercício arriscado prever o destino dos réus ainda não julgados, mas, vencidas as primeiras "fatias" do julgamento, se ainda é temerário arriscar profecias, pode-se, ao menos, identificar um esboço nítido de um caso de fato histórico em que a política e a criminalidade se deram as mãos como poucas vezes visto com tamanha nitidez.Fora o destino do deputado João Paulo Cunha, de Marcos Valério e sócios, no caso dos R$ 50 mil pagos ao ex-presidente da Câmara - em que houve total divergência entre os ministros Ricardo Lewandowski, revisor do processo, e Dias Toffoli, convencidos da inocência dos acusados, e o resto da Corte, que os condenou -, não ocorreram até agora grandes discrepâncias nos veredictos. A divergência é mais sutil, e só deve ser esclarecida, por maioria de votos, daqui para a frente. Pelos votos dados e exposições feitas, Lewandowski e Toffoli parecem considerar estanques alguns dos grupos denunciados pelo MP. E também não se pode entender a concordância dos dois com condenações defendidas pelo relator, Joaquim Barbosa, como indício de que reconhecem a existência do mensalão.Por esta visão, Henrique Pizzolato transferiu milhões do Banco do Brasil para Marcos Valério apenas em troca de propina. Houve, sim, fraude nos empréstimos liberados pelo Banco Rural a Marcos Valério - mas em troca da ação deste como lobista em Brasília. Esta interpretação dos fatos será discutida quando surgir de forma direta a tese de que todo aquele movimento de dinheiro sujo serviu "apenas" para abastecer caixa dois de partidos e políticos. E não para a compra de apoio e votos no Congresso. Haja o que houver, o cenário que já emerge do julgamento não deixa bem grupos do PT e partidos aliados. Seja caixa dois ou mensalão, não importa, materializa-se no Pleno do STF um enorme golpe com desvio de dinheiro público e tráfico de influência por interesses político-partidários. Explica-se o destempero do presidente do PT, Rui Falcão. Diante de um início de julgamento pouco promissor para mensaleiros do partido, o dirigente denunciou um risível "golpe" da "direita", com a indefectível inclusão da "mídia conservadora", do qual o STF seria "instrumento". Além de ser um ataque demente a um tribunal que dá constantes demonstrações de seriedade e equilíbrio, o militante tenta ressuscitar uma desculpa hilariante. Se nunca foi levada a sério a tese do "golpe", depois de iniciado o julgamento ela virou de vez piada de salão.
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