FOLHA DE SP - 01/12
BRASÍLIA - Depois de amargar a longa exposição do mensalão e dos mensaleiros, o PT agora lustra seus troféus para 2014: o mineiro Eduardo Azeredo e o mensalão tucano.
Na versão corrente, uma coisa era uma coisa e a outra coisa era exatamente a mesma coisa: o publicitário Marcos Valério testou o mensalão nas campanhas do PSDB em Minas e o aperfeiçoou na campanha do PT e no governo de Lula em Brasília.
Azeredo, ex-governador, ex-senador, ex-presidente nacional do PSDB e atual deputado federal, está a caminho do matadouro, quer dizer, do julgamento do Supremo. E em meio à prisão dos mensaleiros petistas, à votação dos embargos infringentes no primeiro semestre de 2014 e à eleição de outubro.
Os discursos políticos já estão prontos nas duas pontas. Os petistas vão comparar a situação de Azeredo à de José Dirceu, e os tucanos vão forçar a comparação dele com a do então presidente Lula.
Os petistas desfraldarão a teoria do "domínio do fato": Dirceu não assinou nada, não há um telefonema gravado, uma reunião filmada, nenhuma mala de dinheiro fotografada na Casa Civil, mas os ministros da mais alta corte do país concluíram que seria impossível haver mensalão sem ele. Logo, o mesmo vale para o candidato e depois governador Azeredo.
Já os tucanos arguirão com unhas e dentes que Lula era o candidato e o presidente, mas nunca soube nem ouviu falar de nadica de nada do que ocorria à sua volta e nunca foi processado. Logo, o mesmo princípio vale para Azeredo. Um era presidente, e o outro, governador.
O que que eu acho? Não acho nada. O Supremo é o foro constitucional para julgar e o que os 11 ministros decidirem, eu, tu, nós e eles todos simplesmente acataremos.
PS - A crise da Petrobras reaviva uma frase atribuída a Quércia: "Quebro o Banespa, mas elejo o Fleury".