O Estado de S. Paulo - 18/07/2010 |
Quase 1,5 milhão de trabalhadores com carteira assinada foram contratados no primeiro semestre, dos quais 212,9 mil em junho, segundo os dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O número do mês passado é inferior ao de junho de 2008 (309 mil) e ao de maio (298 mil), mas é impróprio compará-lo com as fases de superaquecimento. Tampouco é relevante, no plano macroeconômico, se serão criados 2 milhões ou 2,5 milhões de vagas neste ano ? indicadores vistosos que servem à propaganda oficial. De qualquer forma, a geração de vagas tem sido expressiva e um exame dos números mostra mais situações positivas do que negativas. Entre junho de 2009 e junho de 2010, o salário médio de contratação subiu 4,86% reais, passando de R$ 783,06 para R$ 821,13. Se a inflação se acomodar, o ganho do poder de compra será mantido ou até poderá crescer, ao contrário do que se imaginava apenas dois meses atrás. O emprego cresceu mais no interior do que nas capitais, ajudado pela safra agrícola recorde. Em junho, a agropecuária abriu 55 mil vagas (+3,47%), e 175 mil no semestre (+11,98%). O interior paulista abriu 43 mil postos e o mineiro, quase 33 mil. Em porcentagem, os Estados que lideraram o crescimento do emprego no mês passado foram Maranhão, Piauí, Pernambuco, Minas Gerais e Mato Grosso, num bom sinal de diversificação de oportunidades para a mão de obra. Rondônia foi onde o nível de emprego mais cresceu, com 16,7 mil vagas (+8,31%) no ano, em parte em razão das obras das Usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira. A construção civil continuou a liderar as contratações, abrindo 24,8 mil vagas, em junho, e 230 mil, no ano. Subsetores de serviços afins, como administração de imóveis e alojamentos, abriram 221 mil vagas no semestre. Mas faltou emprego onde seria mais necessário, como Alagoas, vítima de inundações, o único Estado com mais trabalhadores despedidos do que contratados tanto no semestre (34.450 ou ?11,71%) como no mês passado (67, equivalente a ?0,02%). Seguem juntos emprego e atividade econômica ? que cresceu menos no segundo trimestre do que no primeiro, mas terá um alento com o aumento das aposentadorias de quem ganha mais do que o piso e o pagamento de atrasados, além da antecipação de metade do 13.º benefício do INSS. Mais inflação ou uma nova desaceleração global seriam ruins para o emprego no País, mas o efeito tende a ser moderado se se confirmar a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5%, no ano que vem, ante 7,5%, neste ano. |