Carta Maior
Marcel Gomes
"Não é questão de política, queremos apenas que a história seja contada. Cobrem seus deputados, os movimentos sociais também precisam pressionar", disse Amaury Ribeiro Jr, autor do campeão de vendas "A privataria tucana". Decisão sobre instalação da comissão parlamentar de inquérito, cujo pedido foi feito pelo deputado Protógenes Queiroz, sairá apenas após o recesso da Câmara.
Porto Alegre - O autor do livro "A privataria tucana", Amaury Ribeiro Jr., e o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) pediram apoio da população e dos movimentos sociais para a instalação de uma CPI no Congresso com o objetivo de investigar o processo de privatização no governo FHC.
Ambos participaram de uma mesa sobre o assunto nesta quarta-feira (25), no Fórum Social Temático 2012.
"Não é questão de política, queremos apenas que a história seja contada. Cobrem seus deputados, os movimentos sociais também precisam pressionar", disse Amaury, dirigindo-se à platéia que lotava o auditório do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre.
O livro, publicado pela Geração Editorial, tornou-se um dos maiores sucessos dos últimos anos, com mais de 100 mil exemplares vendidos, e está entre os líderes de vendas nas mais importantes livrarias do país.
O pedido de CPI foi protocolado em 22 de dezembro com 197 assinaturas, das quais 185 foram validadas pela Secretaria Geral da Mesa Diretora da Câmara.
Para que a proposta de CPI seja validada por completo, a secretaria ainda terá de examinar o pedido, que foi formulado pelo deputado Protógenes. Essa análise só deve ser feita só a partir de fevereiro, na volta das férias dos deputados.
"A maior parte dos crimes já devem estar prescritos", lamentou Amaury. Ele acredita, porém, que uma CPI teria uma função fundamental. "As pessoas e as empresas que participaram das privatizações continuam operando, roubando dinheiro e usando a estrutura do Estado. Isso tem de acabar", protestou o jornalista.
Em sinal de aprovação, Protógenes lembrou os casos do banqueiro Daniel Dantas e do empresário Naji Nahas, que teria tentado intermediar a venda da estatal Cesp durante do governo de José Serra em São Paulo.
"Da noite para o dia, surgiram novos bilionários brasileiros, campanhas políticas tornaram-se bilionárias e a luta de classe tornou-se mais difícil", disse o parlamentar, para quem o principal justificava das privatizações, de que serviços de educação e saúde seriam aprimorados, não se comprovou.
O livro
Com proposta de um livro-denúncia, as 200 páginas e os 16 capítulos de "A privataria tucana", escritos por Amaury após anos de pesquisa, detalham o uso de dinheiro público em benefício de fortunas particulares durante o processo de privatização nos anos noventa.
O termo "privataria" foi cunhado pelo jornalista Elio Gaspari para expressar os desvios e o mau uso de recursos públicos no período.
O personagem central da trama é José Serra, então ministro do Planejamento do presidente Fernando Henrique Cardoso. Outros personagens são Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro das campanhas de Serra, e três parentes do ex-ministro: Verônica Serra, sua filha, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marín Preciado.
O livro descreve a trajetória que o dinheiro ilícito faz das “offshores” até empresas de fachada no Brasil, e da subsequente apropriação desses recursos nas fortunas pessoais dos envolvidos
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