Em busca de ar limpo
Especialistas consultados por VEJA falam sobre os
três sistemas de purificação de ar mais usados no
país. Cada qual se presta a uma função específica
– e todos podem vir combinados num mesmo
aparelho. Eis os comentários:
Jair Rodrigues |
Paisagem rara São Paulo é uma das cidades mais poluídas do mundo |
Tipo de purificador: contra partículas de sujeira
Comentário: há dois tipos no mercado, os filtros Hepa e os ionizadores. O mais eficiente é o Hepa. Testes mostram que ele consegue reter até 95% das partículas suspensas no ar – mais do que a ionização, processo que atrai as micros-sujeiras por meio de um campo elétrico
Em que situações é mais indicado: quando a pessoa sofre de alergia ou está exposta a ambientes com alta concentração de poluentes
Ressalva: a purificação por ionização não funciona bem em ambientes mais amplos, onde há maior concentração de ar. O aparelho não dá conta de limpá-lo
Tipo de purificador: contra germes
Comentário: existem três tipos. O mais indicado para o uso em casa é o esterilizador. Isso porque, apesar de ser menos eficiente ao eliminar os germes, não libera no ambiente nenhum tipo de gás ou radiação, como o sistema de emissão de luz ultravioleta ou aquele que emite ozônio
Em que situações é mais indicado: naquelas em que o sistema imunológico está fragilizado
Ressalva: tais aparelhos ajudam, mas nenhum estudo até hoje descobriu em que medida isso ocorre. O que emite ozônio pode ser nocivo à saúde, uma vez que, em alta concentração, às vezes o gás causa problemas respiratórios. Só é indicado para purificar o ar de ambientes sem gente
Tipo de purificador: contra fumaça
Comentário: só há um tipo, que absorve a fumaça quimicamente por meio de carvão. Funciona
Em que situações é mais indicado: para ambientes onde o fumo é permitido e lugares próximos a fábricas ou expostos à fumaça do trânsito
Ressalva: alguns deles são vendidos com a promessa de eliminar odores desagradáveis, mas não há nenhuma comprovação científica de tal efeito
O novo selo
A partir de 2010, todos os filtros e purificadores de água vão precisar de uma certificação do Inmetro para entrar no mercado. Hoje, mesmo sem ser obrigatório, o selo já foi incorporado por alguns fabricantes. O que ele informa:
Retenção de partículas
Indica o tamanho das partículas que o filtro é capaz de reter. Quanto menores elas forem, melhor. A classificação vai de P1 (concedida àqueles capazes de reter as menores partículas) até P6 (que só impedem a passagem de partículas maiores)
Redução do cloro
A classificação varia conforme a capacidade de o filtro diminuir a concentração de cloro na água. Vai de C1, conferida aos modelos que retêm mais de 75% do cloro, a C3, para aqueles que eliminam entre 25% e 49,9% dele
Eficiência bacteriológica
Atesta se o aparelho consegue reter ou eliminar bactérias, função adicional de alguns filtros. Os que têm tal característica recebem a classificação "aprovado". Os demais vêm com a inscrição "não se aplica"
Especialistas consultados: Alberto Hernandez (engenheiro mecânico da USP), Fernando Goulart (da diretoria de qualidade do Inmetro), Gustavo Graudenz (alergologista), Leo Heller (engenheiro da Universidade Federal de Minas Gerais), Moacyr Domingues (presidente da Abrafipa) e Paulo Nascimento Saldiva (patologista da USP)
Com reportagem de Camila Pereira e Camilla Costa