Publico a seguir um interessante comentário- com a permissão do autor,Nahum Sirotsky, e a ressalva de que ele colabora com a IG e lá insere suas matérias-.Nahum é um grande jornalista brasileiro,hoje residente em Tel Aviv, que faz pesquisas minuciosas antes de escrever.
"A Arábia Saudita – no ambiente predominante no Oriente Médio não se pode prever nada – não tinha sofrido até hoje nenhuma influência das revoltas que vêm ocorrendo nos países árabes. Inclusive Bahrein, que é um paisinho colado à Arábia Saudita, e tem a principal base militar naval americana na região, está instável. A maioria dos cerca de 800 mil habitantes do país é da seita xiita, mas o riquíssimo rei Hamad é sunita. Por enquanto, tudo que os xiitas exigem é uma participação no governo. Destaco esse fato porque existe uma minoria xiita substancial na Arábia Saudita que preocupa a monarquia sunita, seita que é reconhecida como aquela que pratica a religião maometana segundo a tradição herdada do profeta Maomé.
Numa pesquisa no Facebook verifica-se existir um apelo para que o povo saudita dedique o próximo 11 de março a ser um “dia de fúria”, o que, sem precauções muito cautelosas e moderadas, pode precipitar um levante popular. A Arábia Saudita, sozinha, extrai cerca de 4 bilhões de barris de petróleo por ano, o que equivale a cerca de 20% da produção mundial, que é de 26,4 bilhões. A produção de Bahrein, que é muito menor, é de estratégica importância para a frota americana que aí se abastece.
Existem inúmeros blogueiros na Arábia Saudita. Ao que consta, o blog de Ahmad al-Omran é dos mais populares. Ele tem 6,2 mil seguidores no Twitter. E a mensagem dele é muito corajosa, pois afirma que já se passaram os tempos em que doações da monarquia bastavam para acalmar a população. No atual contexto o dinheiro da família do rei, diz ele, equivale a preocupar-se apenas com os sintomas. A doença social que existe no país é ignorada. O povo árabe, como se verificou nas revoltas já ocorridas, não se levanta em protesto pelo estado de miséria que afeta as maiorias, nem pelas dificuldades econômicas sofridas pelas chamadas classes médias. O povo árabe, que vive há décadas submetido a governos autocráticos, tais como monarquias absolutistas e ditaduras, quer liberdade, quer o poder de influir nas questões que dizem respeito ao seu destino."