Asas da insensatez O GLOBO EDITORIAL,
Política

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O Aeroporto Internacional do Galeão, que incorporou o nome do maestro Antonio Carlos Jobim, em uma justa homenagem (pois é citado na letra do “Samba do avião”, uma das mais conhecidas músicas do grande compositor), voltou a ter um tráfego doméstico bem razoável e tem recuperado também vôos internacionais para diferentes destinos.

Com isso, o processo de decadência a que parecia estar condenado começou a ser revertido, faltando agora recuperar as instalações, para dar mais comodidade a seus usuários e melhorar as condições de trabalho das companhias que lá prestam serviços.

Em face das dificuldades que a estatal administradora do aeroporto (Infraero) tem para executar essa tarefa, o presidente Lula acabou aceitando as reivindicações do governador Sérgio Cabral para que o Galeão — assim como outros aeroportos que dependem de investimentos semelhantes — passe a ser gerido por um modelo de concessão.

Mas só haverá quem se interesse pela concessão — cujo contrato necessariamente estará atrelado a compromissos efetivos de investimento nas instalações — se de fato existir a garantia de continuidade no esforço de revitalização do aeroporto internacional, que resultará em aumento de receita ao futuro administrador.

Daí ser correta e compreensível a reação do governo estadual contra a inclinação já manifestada pela Anac, a agência reguladora da aviação comercial, de permitir novamente a utilização do Aeroporto Santos Dumont para vôos domésticos que não sejam somente os de ligação com o de Congonhas, em São Paulo, ou de companhias classificadas como linhas regionais.

É preciso primeiro consolidar a recuperação do Galeão e de seus acessos para em seguida se admitir o Santos Dumont como mais uma opção, dentro das limitações operacionais do aeroporto, cuja pista não é apropriada para aviões maiores.

Não há dúvida que a economia fluminense terá nos próximos anos um considerável impulso com os grandes projetos que estão se instalando no estado, e isso vai gerar mais demanda para o transporte aéreo local. Pôr o Galeão em ordem acelerará esse incremento, e aí sim chegará o momento adequado para se utilizar mais o Santos Dumont. Tentar as duas coisas simultaneamente pode fazer com que não se chegue a lugar algum na infra-estrutura aeroportuária do Rio.



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