Duda Teixeira
Binsar Bakkara/AP |
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O surfista neozelandês Chris Nel disse que notou algo errado quando o mar ficou subitamente sujo. Surpreendido pelo tsunami com outros cinco amigos, na terça-feira passada, ele lutou durante 45 minutos contra as ondas. "Foi assustador olhar para a praia e ver o coral de recifes totalmente seco. Eu pensei que seríamos levados pela onda e esmagados contra a floresta." Nel é um sobrevivente das quatro ondas gigantes que devastaram as praias de águas cor de turquesa das ilhas de Samoa, Tonga e Samoa Americana, no Pacífico Sul, matando por volta de 180 pessoas. O tsunami foi causado por um terremoto de 8,3 graus na escala Richter com epicentro no fundo do Oceano Pacífico. Em terra firme, a australiana Wendy Booth, dona do Sea Breeze Resort, estava no hotel quando a água levou a porta do prédio. Ao recuar, o mar sugou a ela e ao marido para fora. Agarrados no corrimão da escada exterior, os dois viram os móveis saindo por buracos no telhado. No dia seguinte, um terremoto de 7,6 graus sacudiu a ilha de Sumatra, na Indonésia, a 10 000 quilômetros de distância de Samoa. Hospitais, hotéis e escolas na cidade costeira de Padang foram destruídos. Estima-se que 3 000 pessoas tenham ficado soterradas e que o número de mortos tenha ultrapassado 1 100.
Samoa e Indonésia estão localizadas numa das bordas da placa tectônica indo-australiana e, por isso, sujeitas a terremotos. Ao se movimentarem sobre o magma, esses enormes blocos rochosos acumulam energia que, quando liberada repentinamente, chacoalha a superfície. "Os tremores recentes podem mostrar que ainda restou alguma energia para ser liberada do terremoto que provocou o tsunami que matou 230 000 pessoas na Indonésia e outros países, em 2004", diz Jesus Berrocal, da empresa de sismologia Berrocal e Associados, em São Paulo.
As duas catástrofes ocorreram no chamado Círculo de Fogo. Decorrente do encontro de placas tectônicas, ele circunda o Pacífico e concentra 81% dos terremotos e a maioria dos vulcões ativos do planeta. De toda essa vasta área, as ilhas da Indonésia são as que têm o subsolo mais instável. Geólogos da Califórnia que monitoram movimentos das placas em todo o planeta afirmam que um novo terremoto nessa região é muito provável. "Isso não é o paraíso. É o inferno na terra", disse o dono de um hotel de Samoa a uma rádio local.
Torsten Blackwood/AFP |
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