Política

BAHIA DE UM SANTO SÓ

Em Salvador, quatro grupos se digladiam pelo espólio
político de Antonio Carlos Magalhães, morto em 2007

Leonardo Coutinho

Vander Bras/Divulgação

Orgulho do vovô Se chegar à próxima etapa, ACM Neto terá todos contra ele

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Nos últimos quarenta anos, todas as eleições disputadas na Bahia se resumiram a uma disputa binária. De um lado, Antonio Carlos Magalhães e seus aliados. Do outro, seus adversários. A onipresença de ACM fazia com que as propostas dos candidatos ficassem em segundo plano. Só importava discutir a aprovação ou desaprovação do grupo dominante. Com a morte de ACM, em 2007, a Bahia perdeu seu babalorixá. As forças políticas entraram em convulsão para conquistar o poder. Todos querem ser o ACM do século XXI. A primeira disputa de força entre esses grupos está se desenrolando na eleição para prefeito de Salvador. Mais do que definir o prefeito da cidade, o pleito indicará quem dará as cartas no futuro da política baiana. Quem largou na frente foi um carlista puro-sangue. O deputado federal ACM Neto, do Democratas, luta para manter o patrimônio político da família. Ele lidera as pesquisas com 27% dos votos, segundo o Datafolha. Neto carrega o nome do avô, mas vende uma imagem mais moderna, distante de práticas do velho ACM.

Em segundo, está o atual prefeito, João Henrique, do PMDB, um ventríloquo do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) – este, sim, candidatíssimo a novo rei da Bahia. Logo atrás, aparece o deputado federal Walter Pinheiro, do PT. Ele se pendura no governador baiano, o também petista Jaques Wagner, e, claro, na figura de Lula, para ganhar votos. Já saltou de 8% para 20% nas pesquisas. Se Wagner conseguir elegê-lo, atropelará ACM Neto e Geddel Vieira Lima na disputa pela hegemonia do estado. Na rabeira, mas ainda no jogo, está o tucano Antonio Imbassahy, outro filhote do falecido ACM. Embora tenha iniciado a campanha lutando pela liderança, ele entrou em parafuso quando começou o horário político.

Com exceção de ACM Neto, todos os postulantes integram a base de apoio do governo estadual. Por conta disso, passou a circular em Salvador a versão de que, no segundo turno, eles se unirão contra o democrata. Jaques Wagner estala de felicidade. "Temos um adversário comum", repete o governador, como se fosse um mantra. A vontade de esmagar ACM Neto é tanta que levou o petista a comparecer às convenções do PSDB e do PMDB. O mais duro ataque a ACM Neto saiu, porém, do PSDB. O partido exibe na TV um vídeo de 2005 no qual Neto promete "dar uma surra" no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pegou muito mal, mas os ataques ainda não abalaram as intenções de voto no democrata. De acordo com as pesquisas, ACM Neto venceria todos os seus concorrentes no segundo turno.

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