O GLOBO - 12/12
COM ALVARO GRIBEL E VALÉRIA MANIERO
O dólar na Venezuela é congelado pelo governo em 4,3 bolívares. Na verdade, há duas cotações oficiais, uma a 4,3 e outra a 5,3 bolívares, para alguns tipos de importação. O problema é que não se acha a moeda por esse valor, nas ruas. O governo fechou as casas de câmbio e estabeleceu cotas para a venda. No mercado negro, o dólar ultrapassou 17 bolívares esta semana.
Essa é apenas uma das distorções da economia venezuelana, que entrou em novo terreno de incertezas com o anúncio da quarta operação de Hugo Chávez em Cuba. Há dúvidas sobre uma possível sucessão no país e, por isso, a cotação do dólar no mercado negro subiu ainda mais.
A taxa de câmbio fixa é um paliativo para a inflação, na casa de 25% ao ano. Os produtos importados mais baratos ajudam a conter os preços. Há, porém, um efeito colateral. Para manter a moeda americana congelada em um preço baixo, o governo precisa queimar parte dos dólares que consegue com as exportações de petróleo. Isso coloca pressão sobre as contas públicas, já sufocadas com o aumento dos gastos em ano de eleições.
O tamanho do buraco no orçamento do governo é estimado em 7,3% do PIB, pelos dados do FMI. Segundo o economista venezuelano Pedro Palma, que falou com a coluna, é cada vez maior a necessidade de desvalorização do bolívar, para que o déficit público ganhe um respiro.
- A dependência da receita do petróleo é muito grande e não há previsão de que o preço do barril suba em 2013. Por isso, a necessidade de desvalorização da moeda é cada vez maior - explicou.
Palma acredita que o PIB venezuelano terá crescimento de 5,5% em 2012. Mas, para o ano que vem, espera uma desaceleração abrupta, o que pode levar o país à recessão:
- Se o ajuste cambial não for muito severo, a queda do PIB pode ser de 0,5% ou 1%. Se os preços do petróleo baixarem muito, pode ser pior. Mas a desvalorização irá encarecer tudo o que vem de fora e a Venezuela importa muitos produtos. Então, se isso acontecer, a inflação vai subir mais.
Com ou sem Chávez, o economista acha que é preciso enfrentar os desequilíbrios. O tempo da economia está se esgotando.
Descompasso na indústria
O mercado de trabalho apertado é um dos motivos para a perda de competitividade da indústria brasileira. No gráfico abaixo, é possível ver que mesmo com uma queda de 2,7% na produção industrial, em 12 meses até outubro, a folha real de pagamentos, ou seja, o total de salários pagos, registrou alta de 3,2%.
Comércio Externo
O preço da tonelada do minério de ferro subiu, ontem, a US$ 124. É a maior cotação em cinco meses.
Dinheiro mais caro
Os juros cobrados pelos bancos voltaram a subir em novembro, interrompendo sequência de quatro quedas, segundo a Anefac
Alívio Grego
O custo para a rolagem dos títulos gregos, com vencimento em 10 anos, atingiu ontem o valor mais baixo do ano, 13,2%.