Política
Brasil só assina documento final da COP-15 se Redd estiver incluído
Copenhague - A preservação e valorização das florestas em pé entraram definitivamente na pauta mundial das questões ambientais. Na noite da segunda-feira, 14, durante a mais importante plenária brasileira da Conferência Mundial sobre o Clima do Planeta, a COP-15, a chefa da delegação brasileira, ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciaram que o Brasil já incluiu no documento final do evento a questão do Redd – Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, mecanismo criado para recompensar os países que abrigam florestas para protegê-las do desmatamento.
“Já deixamos claro que o Brasil não assinará o documento final caso o Redd não seja contemplado. A floresta é a nossa causa e hoje somos ativos neste processo, pela reserva florestal que temos”, disse um confiante Minc, anunciando que o Governo Federal possui projetos para trabalhar a preservação da floresta na região Amazônica, como o incentivo a pesca. “Nossa idéia é ter pirarucu e tambaqui sendo vendidos em vários locais do Brasil e, por meio de práticas como essas, manter o índice de desmatamento da Amazônia em baixa, como os que atingimos agora, o menor em 21 anos”, disse Minc.
Convidado a compor a mesa da plenária, o governador do Amazonas, Eduardo Braga, observou que com o Redd assegurado será um novo tempo para o meio ambiente brasileiro e amazônico. “A grande mudança é que o que era passivo transformou-se em ativo e haverá, agora, estudos de mecanismos de compensação e formas de remunerar quem possui a floresta preservada. Esta é uma vitória importante para o Amazonas”, afirmou Braga.
No mesmo horário em que Dilma, Minc e Braga estavam na plenária, o Amazonas mostrava, em um evento paralelo, coordenador pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) um exemplo prático de Reed: a reserva do Juma, no interior do Estado, foi a primeira a receber recursos de uma rede internacional de hotéis, que paga para manter a floresta preservada.
Desde que assumiu o governo do Estado, em 2003, Eduardo Braga vem falando sobre a necessidade de remuneração da floresta pelos serviços ambientais por ela prestados, sobretudo no que se refere à manutenção da temperatura do planeta. Este ano, capitaneando a delegação de governadores do Norte do Brasil que esteve no Encontro Global que aconteceu na Califórnia, Braga conseguiu a primeira vitória: incluiu o Redd no documento final do evento, que foi enviado aos líderes de grandes nações mundiais, entre elas o Brasil e os Estados Unidos.
No Brasil, como preparação para Copenhague, foi criado o Fórum de Governadores da Amazônia, que discutiu a questão das florestas. “Nos preparamos, debatemos o assunto à exaustão, apresentamos propostas e chegamos com a decisão fechada de que as florestas são essenciais à humanidade”, disse Braga.
Fórum de governadores
Foto: Lúcia Carla - Agecom - AM
O ministro Carlos Minc explica a posição brasileira ao lado do governador Eduardo Braga e da ministra Dilma Rousseff
Antes da plenária com Dilma e Minc, Braga participou do encontro de governadores da Amazônia. Ali, expôs os projetos que o Amazonas desenvolve na área de compensação ambiental. Mostrou que o programa Bolsa Floresta – que remunera famílias para evitar o desmatamento – é uma realidade e que o Estado está aberto a novas práticas que garantam a preservação da floresta, mas também a qualidade de vida dos quem habitam o lugar. “Queremos as árvores de pé, sim, mas, principalmente, queremos qualidade de vida para nossos caboclos e caboclas que estão no interior do Estado”, disse Braga.
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