Breve História de Hierosolyma (Jerusalem)
Política

Breve História de Hierosolyma (Jerusalem)


Retirando da História a mitologia da criação do homem e do mundo por seres fantásticos sobrenaturais, a estação arqueológica por excelência de vestigios primitivos da ocupação humana na Palestina é Jericó (7000 a.e.c.), não Jerusalém (2600 a.e.c).

"Naquele tempo os habitantes da Judeia desencadearam uma guerra porque foram proibidos de mutilar os seus genitais" (citação atribuida ao imperador Adriano na Historia Augusta 14.2.)

"Jerusalém estava tão bem identificada com o solo por aqueles que cavaram as suas fundações, que não ficou nada para ver àqueles que ali chegavam acreditando que já alguma vez tinha sido habitada" – Flavius Josefus, “Guerra” VII.1, 1.

Depois da queda de Roma a Ocidente às mãos das tribos bárbaras germânicas, o Império Romano do Oriente sobreviveu durante o século V, no entanto começou a perder territórios de forma continuada. Uma grande fatia caíu em poder dos invasores muçulmanos vindos da Arábia nos séculos VII e VIII. No século IX os Turcos deixaram deixaram as estepes e no seu caminho para o Ocidente e para o Sul estabeleceram o seu domínio por todo o Médio Oriente tomando a Bizâncio os territórios que constituem hoje a Turquia. A capital Constantinopla foi tomada em 1453. De raízes mais gregas que romanas, a cidade converter-se-ia na capital do Império Otomano. A grande Catedral mandada construir pelo imperador romano Justiniano no século VI foi convertida na mesquita “Hagia Sophia”, (a “Sagrada Sabedoria”) segundo a tradição da população muçulmana. Os sacerdotes “estudiosos” dos antigos textos bíblicos mudaram-se para Itália, enquanto os clássicos gregos traduzidos e dados a conhecer pelos Árabes no Al-Andalus caíram em mãos dos cristãos que fundaram a Espanha católica com capital em Toledo. Com esses manuscritos fundou Afonso X a biblioteca que lhe valeu o cognome de “o Sábio”, convertendo a cidade num polo de cultura que irradiou o saber dos clássicos por todo o Ocidente.

No final do século XI aproximadamente dois terços do mundo antigo conhecido tinha sido conquistado fisicamente pela superioridade moral dos muçulmanos, incluindo as importantes regiões do Egipto, Anatólia e Síria Palaestina. As Cruzadas, expedições militares destinadas a conquistar regiões de povos pagãos, como forma de redenção dos pecados cometidos segundo as crenças religiosas dos invasores, começaram em 1095 tentando implantar Estados Cristãos no Médio Oriente, porém a irresistível expansão dos Estados Islâmicos acabaram por reverter alguns ganhos efémeros, como na implantação do Reino Cristão da Síria. Com a expulsão definitiva deste último, o espirito das Cruzadas declinou rapidamente a partir do século XVI, com o advento da Reforma Protestante e o declínio da autoridade Papal.

al-Malik al-Kamil foi um sultão do Egipto da dinastia dos Ayúbidas, sobrinho de Saladino. Apesar de ter derrotado os Cruzados em Damietta no ano de 1219, cedeu-lhes Jerusalém - al-Kamil é uma personagem histórica muito importante porque foi ele, ao consentir uma ocupação pacifica, foi o verdadeiro fundador da mitologia da "terra santa"

al-Kamil e FredericoII
A Quinta Cruzada organizada pelo imperador Frederico II do Sacro Império Romano e Rei da Sicilia sob a égide do Papa Honório III, encontrou pela frente as forças muçulmanas defensoras lideradas por al-Kamil, que se tinha tornado sultão nesse mesmo ano após a morte de al-Adil em Agosto. No ano seguinte, al-Kamil quase foi derrubado por uma conspiração entre os cristãos coptas egipcios sufocada pelo seu irmão, o governador de Damasco, al-Mu'azzam.

Francisco de Assis afirmando-se como o oposto à mística das Cruzadas, acompanhou porém esta Quinta Cruzada no cerco a Damietta em 1219, sendo recebido sem qualquer protecção pelo sultão, tentando converter al-Kamil ao cristianismo, obviamente sem sucesso. Al-Kamil fez diversas ofertas de paz aos cruzados, todas rejeitadas, por conta da influência do legado papal Pelágio. Ele oferecia-lhes a “devolução” de Jerusalém, propunha-se reconstruir as suas muralhas (destruídas pelo seu irmão al-Mu'azzam) e a devolver a “Vera Cruz”, uma reliquia mística proveniente, segundo a tradição cristã, da verdadeira cruz em que Jesus Cristo foi crucificado, embora os muçulmanos não fizessem a menor ideia do que fosse nem possuíssem nada de semelhante.

Por conta de uma grande carestia e epidemias na sequência desse ano em que o Nilo não inundou as suas margens, al-Kamil não conseguiu continuar a defender Damietta e a cidade foi capturada em Novembro de 1219 pelos cristãos. O sultão recuou para Almançora, uma fortaleza recuada no Nilo e quase não houve combates até 1221, quando o sultão novamente tentou oferecer a paz aos ocupantes, tendo esta sido novamente recusada. Os cruzados marcharam em direcção ao Cairo, mas al-Kamil simplesmente abriu as represas do rio provocando grandes inundações ao longo do Nilo, forçando os Cruzados a aceitar finalmente uma paz de oito anos. Em Setembro do mesmo ano al-Kamil reconquistou Damietta.

Apesar das atrocidades cometidas, uma vez que as hostes cristãs não cumpriram os seus objetivos, já que os reforços prometidos não chegaram, Frederico II foi excomungado pelo papa Gregório IX. Essa foi a última cruzada para a qual o papado mandou as suas próprias tropas.

Nos anos seguintes, houve uma disputa de poder entre al-Mu'azzam e al-Kamil, estando este disposto a aceitar a paz com Frederico II, que estava já a planear a Sexta Cruzada. Porém, al-Mu'azzam morreu em 1227, eliminando a necessidade de uma negociação de paz apressada. Porém Frederico e o seu exército já estavam na região. Após a morte do irmão, al-Kamil e o outro irmão, al-Ashraf Khalil, negociaram um tratado de partilha cedendo toda a Palestina para al-Kamil, ficando ele com a Síria. Em Fevereiro de 1229, al-Kamil negociou uma paz de dez anos com Frederico II. O Tratado de 1229 é único na história das cruzadas. Unicamente pelo caminho diplomático e sem nenhum confronto militar expressivo, Jerusalém, Belém e um corredor até ao mar foram cedidas para a fundação do Reino de Jerusalém o qual passou a ser administrado pelo patriarca latino Geraldo de Lausanne que interditou o acesso dos cristãos à cidade sagrada. O território de Jerusalem foi cedido com excepção da zona do Templo, do Domo da Rocha e da Mesquita de al-Aqsa, que permaneceram sob controle muçulmano. Além disso, todos os habitantes muçulmanos da cidade mantiveram as suas posses e as suas residências, tendo os seus próprios funcionários públicos para efectivarem um sistema judicial separado e garantindo a liberdade religiosa para todos habitantes e peregrinos.

Em 1239, o tratado com Frederico II expirou e, perante a ameaça de nova Cruzada liderada por Richard 1ºEarl de Cornwaal, Jerusalém foi de novo tomada pelos muçulmanos. O Império dos Ayúbidas (1171-1342) cairia de seguida numa guerra civil, sendo dividido entre a Síria e o Egipto pelos dois filhos de al-Kamil. Porém nem uma aliança entre a Síria e Jerusalem conseguiu evitar que a cidade fosse saqueada em 1241 pelos Corásmeos com o apoio do Egipto. Neste período o Egipto e a Síria atingiram em conjunto um periodo de grande prosperidade e desenvolvimento, tendo como base as exportações que tinham como destino o continente europeu. A razão para que esta balança comercial se tornasse tão favorável era o facto dos produtos orientais terem uma grande procura, precisamente por serem raros e muito apreciados no Ocidente (seda, especiarias, etc). Os Ayúbidas representaram no mundo uma muito maior evolução do que o mundo ocidental, principalmente nos ramos mais ligados às ciências: a matemática, medicina, astrologia e física. Mas depois das invasões do Império Mongol de Genghis Khan a partir de 1526 tudo se perdeu. O Império Mongol, que no seu auge dominou 130 milhões de pessoas entre a Mongólia, passando pelo subcontinente Indiano até ao Médio Oriente, viria por sua vez a sucumbir face ao poderio do Império Britânico em 1857. A Palestina que temos hoje é um legado da Grã-Bretanha e das suas concessões ao movimento Sionista.

No cadinho das duas grandes guerras entre as potências europeias (1914-1945) o Estado de Israel deve a sua criação à conjugação dos investimentos financeiros da Casa dos Rothschilds e em meios humanos ao plano Nazi de colonização da antiga colónia britânica por meio do incentivo à emigração de judeus da Alemanha para a Palestina através do Plano Havaara.

fontes:
* História Augusta (wikipedia) 
* Mitologia Cristã "Jesus Never Existed" 
* a Dinastia dos Ayúbidas  (wikipedia)
* História das Cruzadas (Enciclopedia Britânica)
* os Condados cristãos de Inglaterra (wikipedia)
* o Império Mongol (wikipedia)




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