Política
breve visita à parte da corrupção idónea
o tipo que anda por aí fardado de "nosso" primeiro ministro
foi a Angola tratar dos negócios da tribo que o investiu no cargo. Aquilo que a tropa e os funcionários colonialistas não conseguiram fazer em 14 anos de guerra, vai sendo agora conseguido pelo estrangulamento do
crédito financeiro concedido por conta das reservas de petróleo por décadas e pela hipoteca do futuro de um povo martirizado - cuja maioria continua a subsistir na mais degradante miséria, enquanto os seus tecnocratas de ponta compram aos 6 andares de luxo de cada vez no mais caro empreendimento imobiliário português. Mas dos 110 milhões que andam desaparecidos apenas 36 milhões vieram para Portugal, e claro, a investigação está a ser um sucesso para as "autoridades": 10 milhões de euros já foram apreendidos. O nosso herói angolano, de seu nome
Álvaro Sobrinho foi nomeado para vogal do Conselho de Administração do Banco Espirito Santo-África pelo presidente do grupo BES Ricardo Salgado.
Os outros 100 milhões saíram à casa?
(gráfico à direita). As exportações portuguesas para Angola em 2010 cifraram-se em 1915 milhões de euros. Neste momento a dívida de Angola a fornecedores portugueses cifra-se em 1051 milhões de euros.
Apesar dos investimentos estrangeiros apostarem num crescimento acima da média, as desigualdades sociais em Angola são gritantes,
o desemprego atinge 45% da população jovem. Com 191 deputados num total de 220 o MPLA confirma eleição após “eleição” a sua manipulação da iliteracia politica popular benfica-sporting e estabelece-se na
vocação de partido único. O seu secretário-soba-geral também presidente-da-república não faz segredo da sua intenção de se manter no cargo pelo menos até 2022. Mas, devido à abundância de convenientes matérias primas como o petróleo para abastecer o mercado global,
Angola não é uma ditadura... nem precisa de uma “primavera” porque estes pretos não são árabes – e talvez aqui para os saudosistas valha a pena desenterrar a velha “
Controvérsia de Valladolid”
(de Jorge Luiz Rodriguez Gutierrez) onde
se fosse hoje, trataria de “saber se a raça negra tem alma ou se são meros objectos transaccionáveis”
Tanta coisa para dizer, e “Cartas de Angola”, recentemente visto no DocLisboa, fala de Angola, mas sem pôr os pés em Angola. A jovem realizadora assume que escreveu o guião original em inglês – vive em New York – e meteu os pés a caminho de Cuba para entrevistar ex-combatentes que partiram em 1975 para ajudar a defender o povo irmão angolano do neocolonialismo racista que vinha a bordo das colunas armadas que invadiram Angola logo após o dia da independência, mas foca personagens sem ultrapassar as simples emoções dos fait-divers de indole romântica. E o produtor do documentário assume a tradicional postura ideológica “
Cuba é uma tenebrosa ditadura”, para outra coisa qualquer não há dinheiro. Ponto final. Como espera uns trocos de uma carreira internacional o objecto fílmico é neutro – mas não existem percepções neutrais – todos quantos se afirmam “objectivamente” não pertencentes a nenhum partido, são de direita, conservadores. A realizadora Dulce Fernandes era ainda uma criança, nascida em Angola, quando veio de volta na leva de “retornados” a expensas da manutenção de mordomias na Metrópole para os ricos ou senhas de alimentação e roupas do iarn para os pobres. Lembramo-nos da matilha de cães vadios com pedigree abandonados pelos seus donos quando estes fugiram de Luanda
na narrativa de Kapuscinski. Podiam ter levado os cães e ter procurado onde era a frente de batalha partindo para defender a terra que pensavam ser deles. Que se saiba, para os que ficaram, nunca o MPLA tocou na pequena propriedade privada. Ao mesmo tempo que o
meio milhão de portugueses fugiam,
outro meio milhão de cubanos cruzava o Atlântico na direcção contrária e, mal desembarcavam, a primeira pergunta formulada era qual era a direcção da frente de batalha. Tal
sacrificio em nome do internacionalismo proletário valeu a queda do regime do apartheid na ponta sul de África, a negação de um
prémio Nobel da Paz nunca atribuido a Fidel Castro e vale uma parceria privilegiada que se mantém entre a petrolifera angolana Sonangol e a empresa estatal de petróleos de Cuba.
Pese os esforços de imaginar um país, Angola não existe, existe apenas a República de Luanda, ruinas de milhares de casa coloniais portuguesas, milhões de minas terrestres espalhadas pelo território com nomes tão sedutores como “jumping jack”, “bouncing betty”, “toe popper” e “spinkler”,
todos formidáveis brinquedos do fabrico ético ocidental, que continuam a causar mortos e mutilados e, entre as desgraças do abandono dos campos e a fuga para a grande cidade, o popular concurso na televisão
“Miss Mina Terrestre”
Hoje em dia, desde o fim da guerra e dos esforços de Cavaco Silva/Durão Barroso de cooperação com o recém-comprado MPLA para o imperialismo, muitos portugueses ricos voltam a Angola e recuperam antigos privilegios - e
Dulce Maria Cardoso, autora do romance “Retorno” volta a ver, num romance, as coisas pelo prisma original da criança que veio devolvida às origens:
“
o regime de Angola não é um regime aconselhável. Custa-me – para dizer o mínimo – perceber que Angola se tornou uma oportunidade de dinheiro e que toda a gente esteja contente porque vem para cá dinheiro angolano. Aquele dinheiro é criminoso. Temos de ter consciência disso. Não é uma sorte eles estarem a investir em Portugal, é uma vergonha. Isto tem de ser dito.
Só pobres sem qualquer dignidade –
como nos tornámos –
podem achar isto bem. O Presidente de Angola está sempre nas listas dos homens mais corruptos do mundo. E nós fazemos negócios com ele e dizemos que é uma sorte? Mas em que raio de povo nos tornámos? Nós não somos isto. Os portugueses não são isto, isto são os governantes, o que é uma outra coisa” (revista Ler, pp 32).
Quem os pariu é que tem que os embalar.
Visita de Estado de Hillary Clinton a Luanda em Agosto de 2009
.
loading...
As relações políticas do MPLA com o PSD ganharam visibilidade logo desde Setembro de 1991, quando Cavaco Silva, então de visita a Angola como primeiro-ministro participou num comício partidário do MPLA na cidade de Luena....
É preciso ser-se corrupto para reconhecer outro corrupto! o Jornal de Angola volta a atacar as "elites portuguesas ignorantes e corruptas" exigindo reciprocidade de tratamento. Enquanto estas "teimarem em não reconhecer" a representatividade de José...
O BES apoia Angola nos grandes negócios; o BPI/BFA, BTA, e a CGD, tiveram em 2005 lucros liquidos superiores a 138 milhões de euros; o BCP coligado com o Santander até 2010 assumem o controlo do BTA. Outras parcerias em formação são com os CTT,...
À semelhança do que aconteceu em Setembro, os jornalistas da SIC, Expresso e Público voltaram a não obter vistos para entrar em Angola. Em Setembro tal aconteceu aquando das eleições angolanas. Agora acontece a propósito da visita do papa. Sem...
O Director do Jornal de Angola dedicou um inflamado editorial à polémica. Acusa Lisboa de ser o “centro das conspirações contra Angola” e acusou também a comunicação social portuguesa (nomeadamente o director do Expresso) de difundir mentiras...