Campo de apoio a Dilma sai fortalecido das convenções eleitorais
Política

Campo de apoio a Dilma sai fortalecido das convenções eleitorais


Do portal Vermelho

Terminou na quarta-feira (30), o prazo para que os partidos políticos realizassem suas convenções eleitorais. No âmbito nacional, algumas novidades surgiram de última hora, como a adesão do PSC e do PTC à candidatura de Dilma e a adesão do PTdoB à candidatura de Serra. PTC e PTdoB teriam candidatos próprios, mas desistiram. Assim, onze candidatos disputarão o Planalto, mas somente Dilma, Serra e Marina tem relevância para a disputa, os demais atuarão como figurantes.

por Cláudio Gonzalez
Nos estados, os palanques também já estão definidos. Há pouquíssimos nós a serem desatados até o dia 5 de julho, prazo limite para registro de candidaturas no TSE. No balanço final, o campo de apoio à candidata do governo Lula, Dilma Rousseff (PT), saiu fortalecido, com mais candidatos competitivos oferecendo palanque para a campanha da ex-ministra da Casa Civil do que para seu principal adversário, o presidenciável do PSDB, José Serra. Veja quadro no final da matéria.

A coligação nacional de Dilma Rousseff terá nove partidos: PT, PMDB, PDT, PCdoB, PSB, PTC, PSC, PRB e PR. Seu vice é Michel Temer, do PMDB de São Paulo. Com esta coligação, Dilma terá 10 minutos e 30 segundos de tempo em cada bloco de 25 minutos n na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. José Serra entra na disputa ancorado numa coligação de 6 partidos: PSDB, DEM, PTB, PPS, PMN e PTdoB. O vice, definido na última hora, é o deputado índio da Costa (DEM-RJ). Serra terá 7 minutos e 11 segundos no horário eleitoral. A candidata verde, Marina Silva, lança-se em vôo solo na campanha presidencial, somente seu próprio partido, o PV, está com ela. O vice é o empresário da Natura, Guilherme Leal. Seu tempo de propaganda no rádio e na TV é de apenas 1 minuto e 17 segundos.

Os demais candidatos à Presidência são: Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Rui Costa Pimenta (PCO), Zé Maria (PSTU), Levy Fidelix (PRTB), José Maria Eymael (PSDC), Oscar Silva (PHS), Américo de Souza (PSL) e Ivan Pinheiro (PCB). Entre os partidos brasileiros, somente PP, PTN e PRP não lançaram candidatos nem aderiram oficialmente a alguma candidatura.




O presidente do PT, José Eduardo Dutra, considerou a fase da pré-campanha de Dilma vitoriosa. “Se formos comparar as manchetes do dia 6 de abril, quando a Dilma fez sua primeira atividade (de pré-campanha), todo o noticiário era no sentido de que nós não íamos construir uma aliança com a amplitude que conseguimos, que iríamos perder aliados, que a Dilma não ia ser boa candidata", disse. "O fato é que chegamos hoje com uma base bastante unida. Temos hoje um cenário mais favorável do que imaginávamos há três meses atrás.”

Segundo o cientista político Murillo de Aragão, historicamente, quem lidera a pré-campanha tende a ganhar as eleições. “Foi assim desde a eleição de Fernando Collor. De acordo com o Ibope, Dilma estaria a 3,3 pontos de liquidar a campanha em primeiro turno. O que antes parecia impossível, já passa a ser possível, ainda que não seja provável”, diz ele.

Candidatos a governador: PT terá apenas 10 candidatos

Nos estados, a divisão das candidaturas não reflete a disputa presidencial. PT e PSDB, partidos dos dois principais candidatos ao Planalto, vão se enfrentar nas disputas regionais em apenas três estados: SP, RS e PA.

O PT, que chegou a lançar 24 candidatos a governos estaduais em 2002, agora em 2010 terá apenas 10. A diminuição reflete não apenas a nova política de alianças que o partido resolveu adotar e o preço pago pela aliança nacional com o PMDB. Reflete também o pragmatismo do cálculo político. Segundo os dirigentes petistas, é melhor lançar poucos candidatos mas todos fortes do que muitos candidatos fracos. O presidente do Partido, Dutra, acredita que o PT pode eleger até sete governadores em outubro. Ele aponta quatro favoritos: os candidatos aos governos do Acre, Bahia, Sergipe e Pará. Mas a prioridade do PT neste ano é eleger Dilma Rousseff e fazer grandes bancadas na Câmara e no Senado.

O principal adversário do PT, o PSDB, também não estará presente no país inteiro com nomes próprios. Haverá 16 tucanos disputando cargos de governador em outubro, um a mais do que teve em 2006.

O PMDB terá candidatos próprios em 6 grandes Estados: MG, RJ, BA, RS, PE e PA. Embora os peemedebistas estejam coligados ao PT no planto federal, as duas legendas vão se enfrentar de forma direta em 3 dos 10 maiores Estados nas disputas de governador: BA, RS e PA.

O DEM, partido que definha a cada eleição, está cada vez mais periférico. Só terá candidatos próprios a governador em 2 dos 10 maiores Estados: BA e SC.

Dilma tem mais palanques fortes nos estados

Na divisão de apoios políticos para a candidatura presidencial, o quadro regional mostra uma evidente vantagem para Dilma, com mais de 40 candidatos a governador apoiando a candidata de Lula. Não há nenhum estado onde Dilma não tenha um palanque forte. Já o tucano José Serra terá o apoio de cerca de 30 candidatos, mas pode ficar sem palanques em estados como Amazonas, Rondônia e Maranhão. Nestes últimos, seus aliados correm o risco de ficar fora da eleição por causa da lei Ficha Limpa. No Nordeste, três estados (CE, SE e PB) trarão dificuldades para Serra pois ou o candidato que o apóia é muito fraco, caso do Ceará, ou os potenciais aliados preferem manter distância de Serra, caso de João Alves (DEM-SE) e Ricardo Coutinho (PSB-PB). Serra terá ainda o constrangedor apoio de Joaquim Roriz no DF e a ambigüidade verde-tucana de Gabeira no RJ. Marina Silva, por sua vez, terá que dividir com Serra o apoio de Gabeira e sofrerá com a falta de palanques na região Norte, onde suas bandeiras ambientalistas teriam, em tese, maior acolhida. O PV tem candidatos ao governo em apenas 12 estados e Gabeira é o único nome competitivo.

O quadro dos apoios também mostra que a adesão de determinados partidos a um ou outro candidato não significa adesão homogênea. O mais “traíra” é o PMDB, que se recusa a apoiar Dilma em estados como RS, SC, PE, SP e MS. Dividido está também o PTB, que oficialmente apóia Serra, mas em muitos estados fechou com Dilma.

Ao mesmo tempo, a liberdade partidária acaba prevalecendo na lógica municipal e, também aí, a candidata Dilma Rousseff tem levado vantagem. Exemplo disso foi a atividade promovida ontem em Campinas (SP), onde Dilma recebeu o apoio de 117 prefeitos de São Paulo, sendo que quase a metade deles pertencem a partidos da oposição (DEM, PSDB e PPS).

O quadro abaixo mostra como estão divididos os palanques estaduais. O gráfico foi reproduzido do jornal Folha de S. Paulo, mas sem o erro grosseiro que a Folha cometeu –talvez intencionalmente— indicando que o candidato do PCdoB no Maranhão, Flávio Dino, poderia apoiar José Serra. A afirmação é uma completa mentira e não tem respaldo em nenhuma, absolutamente nenhuma informação factual. Dino já declarou desde o início de sua postulação que sua candidatura é a mais sintonizada com a campanha de Dilma no estado. A de Roseana Sarney (PMDB), com o DEM na coligação, é que pode ser identificada com a direita representada pelos demo-tucanos.




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