As contas externas já não estão piorando com a mesma rapidez de há alguns meses, mas é cedo para concluir que a recuperação seja sustentável.
A principal surpresa positiva é a manutenção de forte entrada de capitais por meio do Investimento Estrangeiro Direto (IED). Só em março, foram quase US$ 5 bilhões. O Banco Central espera que esses recursos cubram pelo menos 80% do rombo em Conta Corrente, que é tudo o que o País gasta e recebe em moeda estrangeira, excluídos os movimentos de capital.
Sem ter sido tão surpreendente, também tem sido forte a entrada de dólares destinada a aplicações financeiras no Brasil. No primeiro trimestre do ano passado, entrou nessa conta apenas US$ 1,5 bilhão; no primeiro trimestre de 2014, foram US$ 12,2 bilhões. O governo prefere dizer que este é um sinal de confiança dos investidores estrangeiros na política econômica. Não é bem assim. Esses são capitais de curto prazo que vêm para aproveitar os juros altos vigentes aqui, as chamadas operações de arbitragem com juros. Há dois anos, o governo condenava essas operações e chegou a desestimulá-las com taxação por meio do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Agora, que precisa de mais dólares, prefere festejá-las. Esses recursos são como patos assustados, sempre prontos para levantar voo a qualquer barulho suspeito. Por isso, já é menor a qualidade da cobertura do rombo externo.
A conta-chave é a Balança Comercial (exportações menos importações). Os produtos brasileiros de exportação vêm perdendo preço e enfrentam a baixa competitividade da indústria nacional. Mas as importações vêm caindo menos que as exportações, em consequência do ainda forte consumo interno e da baixa demanda externa, especialmente da União Europeia e da Argentina.