BRASÍLIA - Quer dizer que, dos três apartamentos dos Sarney na alameda Franca, em São Paulo, dois foram presentes de velhos amigos da família, donos de empreiteira/imobiliária?
Os dois imóveis estão ou não no nome dos Sarney, que moram ou frequentam ambos?
O pagamento foi à vista, com cheques da empresa entregues por uma das suas sócias para os dois vendedores dos imóveis, em momentos diferentes?
Daí a mesma empreiteira mudou de nome e venceu um leilão do Ministério de Minas e Energia para construir duas usinas termelétricas em Tocantins?
Bem, a mesma empresa, além de vencer o leilão, ganhou de brinde um pacote de isenção fiscal do ministro Edison Lobão?
O ministro Edison Lobão não é aquele que foi colocado no MME pelo senador José Sarney?
O projeto passou da tal empresa dos amigos para uma outra, do Maranhão, e acabou nas mãos de uma terceira, também do Maranhão e que tem a Telemar como sócia?
E, no final das contas, a empreiteira que doou os dois apartamentos para os Sarney acabou não construindo usina nenhuma?
Alguém tentou ser muito esperto nessa história contada pelo repórter Rodrigo Rangel. Mas os trouxas, que pagam a conta, começam a ficar espertos também. Segundo o Datafolha de domingo, 74% defendem a saída de Sarney da presidência do Senado. Devem ver bons motivos.
Pagar R$ 12 mil mensais do mordomo com dinheiro do Senado, empregar a parentada e seus namorados sem concurso e estar às voltas com a PF é feio. Mas o que dizer desse circuito apartamentos-leilão-isenção-obras não feitas? Em discurso ontem, Sarney resumiu tudo: ele está sendo acusado de se hospedar na casa do filho em São Paulo, em vez de ser elogiado por economizar o dinheiro do Senado em hotel. Incrível. Definitivamente, ele não é um "cidadão comum".