Ministro ainda tem lobby forte entre alguns vizires da economia, mas
já poderia ser passado para outros
O LOBBY de Antonio Palocci é forte entre grão-vizires da economia, em
particular entre alguns "líderes empresariais" muito discretos, com
capacidade de influenciar seus pares menores e menos articulados.
Esses "líderes" não aparecem nessas reuniões públicas de classe,
sindicais ou de associações setoriais, não fazem parte de "comitivas
de empresários" que vão fazer pleitos no Planalto e coisas assim.
Costumam agregar, por meio de emprego ou outras associações, muitos
grandes quadros intelectuais da área econômica. Esses "líderes" se
legitimam por serem proprietários ou executivos das maiores empresas e
instituições financeiras. Se capazes de formular algumas ideias sobre
o futuro (e se não são vetados pelo poder), acabam por "fazer" a
opinião dos seus pares.
De modo direto ou indireto, acabam por fazer com que essa disseminação
informal de ideias ecoe frequentemente nos meios de comunicação, nos
quais muita vez tais figuras são chamadas de "o PIB".
Na verdade, não se trata do conjunto dos proprietários ou grandes
gestores da grande empresa e da finança, mas de apenas uma parte dele.
Os diversos pedaços "do PIB" têm conexões variadas com o
Estado/governo, de associações empresariais mais claras a íntimas
relações de favores ou coisa pior.
De resto, as conexões e ações políticas diferem muito uma das outras,
num gradiente do "mais ideológico" ao mais suspeita e excessivamente
pragmático; do "mais republicano ao menos republicano", para recorrer
de modo irônico à frase que se tornou clichê na boca de petistas, em
particular quando eles se tornaram menos republicanos.
É muito difícil fazer uma enquete entre tais pessoas para aferir quão
firme continua o prestígio do ministro da Casa Civil entre "o PIB",
mesmo quando apenas se trata desse "PIB" mais limpinho, bem pensante,
e com relações menos promíscuas com Estado/governo. Ainda assim, a
julgar por algumas evidências anedóticas, nota-se que Palocci está
agora ainda mais longe de ser tido como indispensável do que se
imaginava antes -e exageradamente.
O pessoal de um grande banco brasileiro muito próximo de Palocci acha
a situação lamentável e preferia claramente ver o ministro firme e
forte. Não porque ele seja o "garantidor da racionalidade econômica"
no governo. Não gostam muito da política econômica heterodoxa, mas não
veem nela desrazão maior ou imediatamente desastrosa.
Mas, enfim, veem Palocci mais como: 1) Uma espécie de "seguro" contra
eventuais radicalismos; 2) Uma ponte política segura para conversas
com o governo; 3) Não conhecem no petismo-governismo figura similar à
do ministro da Casa Civil.
O pessoal de um outro banco brasileiro gosta muito de Palocci também.
Porém, "ninguém é insubstituível" e "mais importante" é a
"estabilidade das instituições", em vez de pessoas. A ideia básica do
pessoal do outro banco é que é bom evitar novas incertezas e que "é
bom para o Brasil" que o governo Dilma volte a tratar de temas
importantes, em vez de se desgastar em crises políticas.
Isto posto, o pessoal dos bancos acha que Dilma precisa "retomar logo
a ofensiva", mostrar que seu governo é "maior que a crise" e tomar
medidas de impacto que ajudem a "destravar a economia" (em especial em
impostos e infraestrutura).