Coluna Vertebral
Política

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O Bloco de Esquerda não estará presente na cerimónia de recepção de José Eduardo dos Santos na Assembleia da República. As razões apontadas são evidentes : desacordo com o Governo Angolano “no que diz respeito a direitos humanos, à liberdade de imprensa e à própria concepção de democracia.”

Como é natural, a acção do BE será encarada como uma grande impertinência por parte de um partido português com representação parlamentar. Até podemos até questionar se a simples ausência da cerimónia é a forma mais eficiente de se protestar quanto aos atropelos do regime angolano. Não sei se tal acontecerá, mas a ausência deveria ser acompanhada de algum tipo de comunicação que sublinhe fortemente que o acto não é uma afronta aos angolanos, mas sim aos seus governantes.

De qualquer modo, este gesto do Bloco mostra bem que a política pode fazer-se sem salamaleques. Que as posições políticas não devem ser esquecidas nos momentos-chave. E que não se pode defender valores num dia e, no dia seguinte, apertar a mão ou sorrir a quem os espezinha diariamente. A política sai vencedora quando é exercida com coluna vertebral. E ter coluna vertebral pode ser uma opção estratégica e de realpolitik.



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