Comunicação Social Açoriana e Alternância Política
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Comunicação Social Açoriana e Alternância Política


O Público traz hoje um artigo dedicado à tradição de maiorias absolutas nas regiões autónomas. Nos Açores, tal como na Madeira, nunca uma recandidatura de um Presidente do Governo Regional saiu derrotada. Porquê? Açorianos e madeirenses são simplesmente avessos à alternância democrática?

Embora não existam estudos sobre esta temática nas regiões autónomas, algumas explicações conseguem ser avançadas, tal como hoje Pedro Magalhães indica no Público: o peso do sector público na economia regional, a gestão dos recursos públicos pelo partido que governa ou a visibilidade adquirida fruto da governação. Avanço com mais uma hipótese explicativa que valeria a pena ser estudada: a quase ausência de fiscalização política na comunicação social açoriana.
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Centrando-nos no caso dos Açores (uma vez que conheço pouco o panorama madeirense), o número de órgãos de comunicação social até é muito substantivo tendo em conta a dimensão populacional do arquipélago. Muitas ilhas possuem mais do que um jornal, possuem diversas rádios e o arquipélago beneficia de uma estação de televisão – a RTP Açores. No entanto, apesar da proliferação de órgãos de comunicação social, a crítica/fiscalização política não proliferam nos referidos órgãos.
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Os partidos políticos da oposição conseguem naturalmente as suas notícias. Mas o grosso da informação política é feito com base na obra Governamental: “O Governo criou o programa X, o Secretário Y inaugurou Z, o Director Regional A anunciou que…”. A título de exemplo, ao contrário do que acontece numa dimensão nacional, dificilmente conseguir-se-á encontrar uma manchete num jornal açoriano, muito menos na televisão açoriana, que denuncie um qualquer “escândalo” político, uma trapalhada governamental ou mesmo uma promessa descaradamente não cumprida.
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A comunicação social açoriana acaba por funcionar sobretudo como uma caixa de ressonância da obra governativa e raramente como mecanismo de fiscalização política da acção governamental.
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Como é natural, tal não acontece por acaso ou simplesmente porque a comunicação social possa estar explicitamente dominada pelo Governo. Num meio relativamente pequeno (sublinho o “relativamente pequeno”), mesmo a comunicação social ganha pouco/perde muito em incompatibilizar-se com o poder estabelecido. Em meios relativamente pequenos, a fraca fiscalização política da comunicação social é mais um contributo para as parcas tradições de alternância política.



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