O Estado de S.Paulo - 03/12/11
Para Lagarde, Brasil tem condições de enfrentar a crise, mas deve acompanhar a atuação dos bancos
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, voltou a advertir para o risco de uma década perdida na zona do euro, se não houver uma solução rápida e abrangente para a crise dos países endividados. Qualquer solução deve ir além dos programas de ajuste das contas públicas.
"Sem crescimento, será impossível cuidar do problema das dívidas", disse Lagarde numa entrevista em São Paulo, ontem, ao canal GloboNews.
Sua avaliação das condições brasileiras foi bem mais otimista. Embora nenhum país seja imune à crise, o Brasil tem boas condições para enfrentá-la, graças à combinação das políticas fiscal e monetária, à solidez do sistema financeiro e ao colchão de reservas, hoje em torno de US$ 350 bilhões e bem acima do valor disponível em 2008. Mas será conveniente, aconselhou, acompanhar a atuação dos bancos para ver "se não ficam sentados em cima da liquidez".
A "solução rápida" para a crise da zona do euro terá de vir na reunião de líderes em 9 de dezembro. Só depois da entrevista, numa rápida conversa com um professor convidado para assistir à gravação, ela manifestou preocupação com a conferência de cúpula, ocasião escolhida para apresentar as propostas coordenadas pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Lagarde mostrou algum otimismo, no entanto, ao mencionar a decisão dos dois dirigentes de apoiar uma ação mais ampla do Banco Central Europeu (BCE). Mencionou também como novidade positiva a ação combinada de seis dos maiores BCs do mundo rico para dar sustentação ao sistema financeiro.
Qualquer solução para a crise europeia terá de incluir respostas à crise das dívidas soberanas, esforços de consolidação fiscal e reformas estruturais, mas nenhuma funcionará sem maior expansão econômica, disse a diretora do FMI. Ela justificou seu ponto de vista com o exemplo da Itália. O país tem dívida soberana equivalente a 120% do PIB e tem pago juros muito altos - até acima de 7%. Sem crescimento, será impossível fechar a conta.
É preciso, continuou, distinguir problemas de solvência, como o da Grécia, e de liquidez, como os da Itália. Se as dificuldades de liquidez não forem atacadas com urgência, poderão transformar-se em problemas de solvência, e isso seria desastroso.
Embora apontando a necessidade de soluções mais prontas, Lagarde reconheceu, no entanto, as dificuldades políticas de adotar respostas em cada um dos 17 países da zona do euro, todos democráticos, e de promover, depois, acordos entre todos.
Lagarde não comentou as condições impostas pelo governo brasileiro para ajudar no fortalecimento de caixa do FMI. Mas lembrou a disposição de cooperar manifestada na reunião do Grupo dos 20, em Cannes, por líderes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de outros países, como a Austrália.
Para Lagarde, Brasil tem condições de enfrentar a crise, mas deve acompanhar a atuação dos bancos
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, voltou a advertir para o risco de uma década perdida na zona do euro, se não houver uma solução rápida e abrangente para a crise dos países endividados. Qualquer solução deve ir além dos programas de ajuste das contas públicas.
"Sem crescimento, será impossível cuidar do problema das dívidas", disse Lagarde numa entrevista em São Paulo, ontem, ao canal GloboNews.
Sua avaliação das condições brasileiras foi bem mais otimista. Embora nenhum país seja imune à crise, o Brasil tem boas condições para enfrentá-la, graças à combinação das políticas fiscal e monetária, à solidez do sistema financeiro e ao colchão de reservas, hoje em torno de US$ 350 bilhões e bem acima do valor disponível em 2008. Mas será conveniente, aconselhou, acompanhar a atuação dos bancos para ver "se não ficam sentados em cima da liquidez".
A "solução rápida" para a crise da zona do euro terá de vir na reunião de líderes em 9 de dezembro. Só depois da entrevista, numa rápida conversa com um professor convidado para assistir à gravação, ela manifestou preocupação com a conferência de cúpula, ocasião escolhida para apresentar as propostas coordenadas pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Lagarde mostrou algum otimismo, no entanto, ao mencionar a decisão dos dois dirigentes de apoiar uma ação mais ampla do Banco Central Europeu (BCE). Mencionou também como novidade positiva a ação combinada de seis dos maiores BCs do mundo rico para dar sustentação ao sistema financeiro.
Qualquer solução para a crise europeia terá de incluir respostas à crise das dívidas soberanas, esforços de consolidação fiscal e reformas estruturais, mas nenhuma funcionará sem maior expansão econômica, disse a diretora do FMI. Ela justificou seu ponto de vista com o exemplo da Itália. O país tem dívida soberana equivalente a 120% do PIB e tem pago juros muito altos - até acima de 7%. Sem crescimento, será impossível fechar a conta.
É preciso, continuou, distinguir problemas de solvência, como o da Grécia, e de liquidez, como os da Itália. Se as dificuldades de liquidez não forem atacadas com urgência, poderão transformar-se em problemas de solvência, e isso seria desastroso.
Embora apontando a necessidade de soluções mais prontas, Lagarde reconheceu, no entanto, as dificuldades políticas de adotar respostas em cada um dos 17 países da zona do euro, todos democráticos, e de promover, depois, acordos entre todos.
Lagarde não comentou as condições impostas pelo governo brasileiro para ajudar no fortalecimento de caixa do FMI. Mas lembrou a disposição de cooperar manifestada na reunião do Grupo dos 20, em Cannes, por líderes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de outros países, como a Austrália.