Cronicando no sábado
Política

Cronicando no sábado



Assim, assim, distraída… você se vê – olhos abertos -, olhar fixo no teto do quarto ouvindo o burburinho que vem dos caminhantes notívagos e imagina, pela alegria resvalada, que retornam de alguma festa.

Assim, assim, distraída… você caminha até a janela da sala e “rouba “ um pouco da alegria do grupo e não maldiz a insônia que lhe fazia companhia.

Assim, assim, distraída… você observa que há outros passantes noturnos: trabalhadores que vão e vêm e imagina, pelo ar de cansaço dos que vão, de que o plantão foi “puxado” e pelo jeito dos que vêm, a disposição costumeira e a promessa de um bom dia de trabalho (afinal, há tantos por aí – desempregados – querendo estar no seu lugar!)

Assim, assim, distraída… você percebe que a madrugada já vai dando lugar ao dia que amanhece, e imagina a nobre e silenciosa “troca de turnos”: lições da Mãe Natureza.

Assim, assim, distraída… você ouve pássaros madrugadores e sua cantoria e imagina a paz que deve estar sentindo também alguém (que como você) tem o privilégio de usufruir destes acordes.

Assim, assim, distraída… você se dá conta que o sol acaba de entrar em cena: esplendoroso e, maroto, se espreguiçando por entre as folhagens das árvores avistadas na rua já quase deserta. E, imagina a lição de grandiosidade do que é ser luz e esperança aos que se postam para saudá-lo.

Assim, assim, distraída… você sente a brisa matinal lamber-lhe a face, cerra os olhos e imagina ser o afago de quem lhe quer bem.

Assim, assim, distraída… você deixa a imaginação fluir: você cria asas, viaja no tempo e, em segundos, chega à infância, sobe em árvores, colhe frutas… Em seguida, corre livre por campos floridos, recolhendo flores orvalhadas caídas no chão e segue até sua casa a fim de colocá-las na jarra para enfeitar e perfumar o ambiente.

Assim, assim, distraída… você imagina, cria, sonha, fantasia, alimenta, planeja, devaneia, inventa, produz, desenvolve, cultiva, idealiza, alça voos e anda nas nuvens.

E assim, assim, distraída… você chega a se sentir impregnada pelo aroma reinante, “naquela” jarra de flores, que está sobre a mesa e inspirada escreve palavras doces, suaves, imbuídas de otimismo, que – distraidamente – se tornam a crônica desta manhã de sábado.





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- Assim, Assim,distraída...
Walnize Carvalho  Assim, assim, distraída... você se vê - olhos abertos -, olhar fixo no teto do quarto ouvindo o burburinho que vem dos caminhantes notívagos e imagina, pela alegria resvalada, que retornam de alguma festa. Assim, assim, distraída...você...

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