e já agora, Cavaco
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e já agora, Cavaco


jornalismo de investigação

anda por aí um texto de opinião a correr na internet sobre os negócios financeiros da família Cavaco. Seria interessante que a Comunicação Social aclarasse esta questão "fracturante". Uma coisa é certa, a filha de Cavaco Silva mais ou menos no fim da recolha de proventos mandou às urtigas a gestão da farmácia de que era proprietária na urbanização Nova Campolide em Lisboa (e na qual tinha exercido actividade profissional desde que se formou). Sabendo-se que este ramo de negócios, porque beneficia das quotas de exclusividade por área populacional, é um dos mais lucrativos, é caso para reciclar o antigo provérbio popular: “quem sabe ser caixeiro fecha a loja

aqui fica o texto integral, conforme foi recebido por email:

“…tenho umas perguntas a sugerir à nossa prestimosa comunicação social, que anda sempre com falta de assuntos e é muito distraída, sobretudo nesta altura em que o Sr Presidente da Républica resolveu ter assomos de ética pública :
1ª - A quem é que Cavaco e a filha compraram, em 2001, 254 mil acções da SLN, grupo detentor do BPN? o PR disse há tempos, em comunicado, que nunca tinha comprado nada ao BPN, mas «esqueceu-se» de mencionar a SLN, ou seja, o grupo que detinha o Banco. Como as acções da SLN não eram transaccionadas na bolsa, a quem é que Cavaco as comprou? À própria SLN? A algum accionista? Qual accionista? (Sobre este ponto, ver adiante.)

2 ª- Outra pergunta que não me sai da cachimónia: Como é que foi fixado o preço de 1 euro por acção? Atiraram moeda ao ar? Consultaram a bruxa? Recorreram a alguma firma especializada? Curiosamente, a transacção foi feita quando o BPN já cheirava a esturro, quando o Banco de Portugal já «andava em cima do BPN», ao ponto de Dias Loureiro (amigo dilecto de Cavaco e presidente do Congresso do PSD), ter ido, aliás desaconselhado por Oliveira e Costa, reclamar junto de António Marta, como este próprio afirmou e Oliveira e Costa confirmou.

3ª - Outra pergunta: Cavaco pagou? E se pagou, fê-lo por transferência bancária, por cheque ou em cash? É importante saber se há rasto disso. Passaram dois anos. Em carta de 2003 à SLN, Cavaco alegadamente «ordenou» a venda das suas acções, no que foi imitado pela filha. Da venda resultaram 72 mil contos de mais valias para ambos. Presumo que essas mais valias foram atempadamente declaradas ao fisco e que os respectivos impostos foram pagos. Tomo isso como certo, nem seria de esperar outra coisa. Uma coisa me faz aqui comichão nas meninges. Cavaco não podia «ordenar» a venda das acções (como disse atrás, não transaccionáveis na bolsa), mas apenas dizer que lhe apetecia vendê-las, se calhasse aparecer algum comprador para elas. A liquidez dessas «poupanças» de Cavaco era, com efeito, praticamente nula. Mas não é que apareceu prontamente um comprador, milagrosamente, disposto a pagar 1 euro e 40 cêntimos de mais valia por cada acção detida pela família Cavaco, quando as acções nem cotação tinham no mercado. E quem foi o benemérito comprador, quem foi? Com muito gosto esclareço, foi uma empresa chamada SLN Valor, o maior accionista da SLN.
Cita-se o Expresso online:
«Cavaco Silva e a filha deram ordem de venda das suas acções, em cartas separadas endereçadas ao então presidente da administração da SLN, José Oliveira Costa. Este determinou que as 255.018 acções detidas por ambos fossem vendidas à SLN Valor, a maior accionista da SLN, na qual participam os maiores accionistas individuais desta empresa, entre os quais o próprio Oliveira Costa.» Ou seja, Oliveira e Costa praticamente ofereceu de mão beijada 72 mil contos de mais-valias à família Cavaco. E se foi Oliveira e Costa também a fixar o preço inicial de compra por Cavaco, então a coisa é perfeitamente clara. Que terá acontecido entre 2001 e 2003 para as acções de uma empresa que andava a ser importunada pelo Banco de Portugal terem «valorizado» 40 %?

Falta, neste ponto, esclarecer várias coisas, a primeira das quais já vem de trás:
1. a quem comprou Cavaco e a filha as acções?
2. terá sido à própria SLN Valor, que depois as recomprou?
3. porque decidiu Cavaco vendê-las? Não tendo elas cotação no mercado, Cavaco não podia a priori esperar realizar mais-valias.
4. terá tido algum palpite, vindo do interior do universo SLN, só amigos e correligionários, para que vendesse, antes que a coisa fosse por água abaixo?
5. terá sido cheiro a esturro no nariz de Cavaco? Isso é que era bom saber!
6. porque quis a SLN Valor (re)comprar aquelas acções? Tinha poucas?
7. como fixou a SLN valor o preço de compra, com uma taxa de lucro bruto para o vendedor de 40% em dois anos, a lembrar as taxas praticadas pela banqueira do povo D. Branca?
Por hoje não tenho mais sugestões de perguntas à comunicação social.
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