Política
Eanes, o 25 de Novembro, o sequestro dos Media, os lucros da facção Militar vencedora ao aliar-se ao Complexo Industrial-Militar norte-americano
Uma semana antes do golpe vivia-se um clima de grande agitação social. Ao nivel do poder lutava-se por posições no campo estratégico e táctico, alguns militares que haviam sido os vencedores no 11 de Março foram levados para os calaboiços, junto com civis de esquerda, quando esta ainda merecia o nome. É neste parêntesis que estala a crise no jornal "O Século", cuja direcção e redacção são destituidas como reaccionárias em votação da esmagadora maioria dos trabalhadores do jornal - que por seu turno pretendiam
entregar a chefia a Roby Amorim, um prestigiado jornalista afecto à linha politica do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (
MRPP).
O jornal duraria apenas mais dois anos, encerrado em 1977 com
uma cínica parangona escrita por Ramalho Eanes e um editorial que filosofava sobre o abate do jornalismo competente e honesto, atribuindo as causas, enfim, "a coisas da condição humana"...
Comemora-se os 38 anos do
golpe de estado reaccionário que assassinou a Revolução dos Cravos. Não deixa de ser sintomático que Ramalho Eanes, um dos autores do golpe seja homenageado nesse preciso dia numa cerimónia que contou com a classe dominante em peso, tais como o patrão da Sonae, a Mota Engil, a oligarquia política, certas individualidades do "sistema", enfim, os "vencedores", aqueles que mais beneficiaram com a contra-revolução instaurada a 25 de Novembro de 1975. Uma das priomeiras medidas de Eanes quando se apanhou General foi a de transferir o
Fundo Militar do Ultramar que geria as verbas envolvidas nas campanhas militares da guerra colonial (geridas até aí pelo Estado) para o âmbito restricto do
Estado Maior General das Forças Armadas (onde o Estado, por exemplo, pela mão do ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa, não metia o bedelho)O envolvimento de Portugal no escândalo do tráfico de armas "Irão-Contras", Camarate (1), e o capitulo censurado e apagado da "investigação" oficial norte-americana (2)
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Rumsfeld, Ford, Cheney, Reagan, Herbert Bush, Ford, Rumsfeld, Bush, Cheney |
Robert Parry no seu livro “
Neck Deep: The Disastrous Presidency of George W. Bush" faz novas e fundamentadas revelações sobre o escândalo Irão-Contras (1983-1988) concluindo que
este foi o programa piloto para os Neocons usurparem os Governos através do buraco negro das Vice-Presidências não eleitas – que representam o
partido da Guerra, das Corporações
e de toda a espécie de patifes com mundovisões de extrema-Direita. Nesta entrevista, o autor realça as provas apresentadas pela própria CIA quando esta agência governamental admitiu tolerar o tráfico de droga trocada por armas a partir da Nicarágua. O que em tempo lhes valeu o acrónimo CIA, Cocaine Import Agency. Ironias aparte, é de salientar os efeitos de tudo isto a longo prazo, verificando que
tanto o criminoso Dick Cheney (vice-presidente de George W. Bush) como o comparsa Donald Rumsfeld já eram chefes-de-gabinete dos presidentes Gerald Ford em 1975 e de Ronald Reagan em 1981. Recorde-se que Ford foi o presidente cujo primeiro acto foi
perdoar a Nixon as consequências do processo criminal por envolvimento no caso Watergate; e Reagan o presidente que afirmou pela boca de Cheney “que
os défices orçamentais não interessam para nada” (deve ter sido
daqui que o nosso José Sócrates encornou a sua filosofia); então estratégia económica inaugural do Neoliberalismo, (politica que já havia sido testada com êxito em 1973 no Chile de Pinochet)
Ramalho Eanes foi o primeiro peão de brega a aceitar colocar Portugal na órbita de interesses de assassinos transnacionais, negociando com o Pentágono, por uma década, o
alinhamento com a estratégia da Nato - o que coloca os portugueses na qualidade de
contribuintes liquidos para as guerras do Império, ou seja, na prática os Estados Unidos
cobram-nos um imposto directo como súbditos. Com que interesses corporativos concretos nos cobrou anos a fio de austeridade não sabemos. Só sabemos que Eanes recusou um milhão de euros graciosamente oferecidos pelo PS que lhe eram devidos em retroactivos de reforma como general. O que significa que não está na mesma condição miserável de 3 milhões de portugueses, com outros tantos a caminho da pobreza. Portanto
Eanes, o homem de mão do golpe militar de 25 de Novembro de 1975, o mandatário da
candidatura de Cavaco Silva (3) à presidência da República,
quando se entrega à técnica aprendida com os jesuitas de Navarra de se comover em público e chorar lágrimas de crocodilo na sua homenagem... só nos pode dar vontade de rir.
(1)
o Affair Irão-Contras, a Revolução Islâmica e a Crise dos Reféns norte-americanos,
explicada pelo insuspeito New York Times (2) Muito oportuno, "
Eanes diz existirem documentos nos EUA que podem trazer luz sobre Camarate", mas não indica as fontes de que dispõe para produzir
tal afirmação. Terá sido o secretário de Estado George Schultz na
Base Militar de Andrews ou
George Herbert Bush que então era director da CIA, de seguida foi vice-presidente de Reagan, e depois Presidente tendo nessa qualidade recebido a Cavaco Silva em visita particular? (uma honra concedida a muito poucos)
(3) a levar em linha de conta:
"Os elogies de Eanes a Cavaque há exactamente três anes.."
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. "Numa situação de crise como esta creio que não se justifica a dissolução da Assembleia da República. Numa situação diferente [essa hipótese] seria de considerar." (Ramalho Eanes, 18/12/2008) . Bem... Ramalho Eanes conseguiu, de forma destacada,...
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