Alunos de escola no Janga, em Paulista, protestam contra a municipalização. |
Com faixas e cartazes, alunos e funcionários da Escola Estadual São José, localizada na comunidade do Tururu, no Janga, tomaram conta das ruas em manifestação contra o processo. Alunos e funcionários da Escola Estadual São José, localizada na comunidade do Tururu, no bairro do Janga, em Paulista, promoveram uma mobilização na manhã desta segunda-feira (11). O ato foi uma resposta aos governos municipal e estadual, que tentam municipalizar a unidade de ensino. Com faixas, cartazes e embalados pelo som de alfaias, eles percorreram as ruas da comunidade. De acordo com alunos e funcionários, a municipalização vai deixar mais de 370 estudantes sem atendimento educacional em 2014. Ainda segundo eles, não houve diálogo para a implantação do processo, além disso, todos podem ser prejudicados com a mudança. No processo de municipalização, a Escola São José do Tururu só vai abrigar as turmas de Ensino Fundamental I, ou seja, do 1º ao 5º ano (antiga 4ª série). Com isso, os alunos do Ensino Fundamental II, do 6º ao 9º ano, serão relocados para duas escolas municipais distantes da comunidade, a Escola Municipal Miguel Arraes e a Escola Municipal Ministro Etelvino Lins. A situação fica ainda mais complicada para os alunos de Ensino Médio. Na localidade existem outras duas unidades que poderiam abriga-los, a Escola Estadual José Manuel de Queiroz e Escola Técnica Estadual José Alencar Gomes da Silva, porém, ambas são de ensino integral. Com isso, os estudantes serão matriculados na Escola Estadual José Brasileiro Vila Nova, localizada no Conjunto Beira-mar, a 5 km de distância da comunidade do Tururu. Por se tratar de uma comunidade carente, os pais e responsáveis temem não ter condições de pagar a condução dos alunos para a unidade escolar. A Escola Estadual São José possui ainda cerca de 20 alunos que recebem atendimento especial. Desde 2012, a unidade de ensino conta com uma sala multifuncional de atendimento educacional especial (AEE). “Caso haja a municipalização, não sabemos como vai ficar, pois o município não garante o atendimento aos alunos especiais. Dizem tanto que a política é para a inclusão, então como fazem isso?”, questiona revoltada a pedagoga Ana Maria Marques, uma das duas profissionais que trabalham com os alunos que precisam de atendimento diferenciado. Por conta da sala de AEE, a Escola São José, abriga ainda alunos da Escola Municipal Edson Gomes, que também estão ameaçados de perder o atendimento, caso essa unidade seja municipalizada. “Eu espero que a escola (São José) não seja municipalizada. Não é viável, pois muda o curso de uma história que já dura 32 anos, desde que a unidade foi inaugurada. As escolas municipalizadas não tem estrutura. Além disso, os alunos do EJA – Educação de Jovens e Adultos – serão prejudicados, pois ficarão sem estudar. São pessoas humildes, que tentam voltar a estudar e recuperar o tempo perdido”, ressalta o presidente da Associação de Moradores do Tururu, Farney Lino de França. Segundo os funcionários da Escola São José do Tururu, a mudança será prejudicial para o quadro de servidores. Muitos residem na própria comunidade e não foram informados para qual unidade de ensino serão relocados. Além disso, eles temem perder os benefícios adquiridos nos anos trabalhados na unidade de ensino, como a gratificação de “difícil acesso”, por conta da localização da escola. Protesto e inauguração - O ponto alto da mobilização ocorreu em frente ao posto de saúde da família, localizada na mesmo rua da escola e que seria reinaugurado nesta segunda-feira. Contudo, a cerimônia de entrega do PSF à comunidade foi adiada para a próxima quarta-feira (13). A prefeitura de Paulista alegou que o ato vai ocorrer no mesmo dia da chegada de um médico cubano, ligado ao Programa Mais Médico e que vai prestar serviço na unidade de saúde. Contudo, neste domingo (10), funcionários da limpeza urbana da cidade fizeram uma espécie de “maquiagem” em algumas ruas que dão acesso ao posto de saúde da comunidade. Um funcionário de limpeza urbana do município, que preferiu não se identificar, contou que os servidores foram ameaçados pela gestão municipal, caso não trabalhassem na limpeza das ruas e pintura dos meios-fios. Segundo eles, caso decidissem não trabalhar nesse domingo, os servidores da limpeza urbana seriam punidos com três dias de suspensão, com isso deixariam de receber no próximo salário os dias que estiveram cumprindo a suspensão. Fotos: João Carlos Mazella | Agência JC Mazella Os Amigos do Presidente Lula |