eleger, eleger
Política

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“Se a abstenção fôr de apenas 60 por cento (apenas 40 por cento dos eleitores inscritos vão votar), José Sócrates pode sorrir" (diz Oliveira e Costa, na SICNoticias sobre sondagens) Se se aproximar dos 70% (apenas 30% vão votar, menos de 3 milhões em 9 milhões de votantes recenseados) o sistema, todo ele, perde. Vamos a isso! Embora os americanos (vamos lá, condescendendo, apenas aquela malta do Alaska) tenham conspirado para manipular a meterologia e trazido chuva para ninguém ir para a praia, existem outras alternativas para evitar frequentar a tenebrosa cena das urnas fretadas pelos gerentes do corrupto sistema vigente.

¿Que se passa com a União Europeia?

Segue escrupulosamente as directrizes do FMI e da OMC, quer dizer, dos ricos que querem continuar a ser ricos à custa dos pobres que são cada vez mais pobres, a roçar a miserabilidade. E ninguém contesta radicalmente, porque senão lá se perdem as migalhas. Se é com este estado de coisas que se conforma o impropriamente chamado “centro-esquerda”(!), o que não farão os governos de direita (!)

Todas as sondagens difundidas encobrem que a abstenção nestas eleições europeias será extremamente elevada. Tal abstenção não é uma novidade. Na realidade tem vindo a aumentar nos últimos anos, na medida em que os directórios institucionalizados se extremam para o neoliberalismo puro e duro. As causas da elevada abstenção são fáceis de ver. Para isso terá de se entender o que se tem passado na União Europeia.

Vicenç Navarro, no Público.es:

1. O desemprego médio na Europa dos 15 tem vindo a aumentar desde a década de 80. A Europa que historicamente (1960-1980) se tinha caracterizado por ter um desemprego mais baixo que os Estados Unidos, passou a tê-lo mais alto a partir dos anos 80.

2. As condições de trabalho da população activa foram-se deteriorando na maioria da UE-15. A percentagem da população que afirma trabalhar em condições stressantes passou (na média da UE-15) de 32 por cento da população trabalhadora no ano de 1991 para 44 por cento em 2005.

3. A taxa de crescimento anual dos gastos públicos em transferências e serviços públicos do Estado Social (como pensões, serviços de saúde, subsidios a familias carenciadas, habitação social e outros componentes de protecção social) utilizados predominantemente pelas classes populares, tem vindo a decrescer na média da UE-15, passando de 6,2 por cento em 1990 para 4,8 por cento em 2004. Embora a taxa de crescimento das necessidades sociais sem dúvida que tem vindo a aumentar.

4. A cobertura e intensidade dos benefícios laborais (em caso de doença, incapacitado ou desemprego) tem diminuido na UE a 15. A diminuição tem sido, em geral, mais acentuada nos paises governados por partidos liberais e conservadores que naqueles governados por partidos sociais-democratas (PS e PSD). Porém, em todos eles, com uns ou com outros, em todos eles os direitos sociais têm diminuido.

5. Os rendimentos de trabalho (aquilo a que se chama massa salarial que depende do nivel de salários e do número de assalariados) como percentagem do rendimento nacional, têm decrescido (e isto apesar de o número de assalariados ter aumentado) passando de 68 por cento do rendimento nacional em 1975 para 58 por cento no ano de 2005.

Esta polarização social do rendimento tem sido facilitada pelas políticas públicas promovidas pelo Consenso de Bruxelas (que é a versão europeia do Consenso liberal de Washington), levadas a cabo pelas instituições europeias, como a Comuissão Europeia (encarregada de vigiar o cumprimento do Pacto de Estabilidade que foi o instrumento responsável pela austeridade nos gastos públicos e no desinvestimento) e o Banco Central Europeu (cujas políticas monetárias têm beneficiado enormemente o capital financeiro à custa dos estímulo económico e na produção de emprego)
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