A empresa de consultoria do ministro Antonio Palocci faturou R$ 20
milhões no ano eleitoral de 2010.
Segundo duas pessoas que viram os números da consultoria, o desempenho
do ano passado representou salto significativo. Em 2006, a receita foi
de R$160 mil.
Empresa de Palocci faturou R$ 20 mi no ano da eleição
RECEITA DE CONSULTORIA DEU SALTO NO ANO DA ELEIÇÃO DE DILMA PARA PRESIDENTE
MINISTRO MANTÉM SILÊNCIO SOBRE CLIENTES
Catia Seabra
BRASÍLIA - A empresa de consultoria do ministro da Casa Civil, Antonio
Palocci, faturou R$ 20 milhões no ano passado, quando ele era deputado
federal e atuou como principal coordenador da campanha de Dilma
Rousseff à Presidência da República.
Segundo duas pessoas que examinaram números da empresa e foram ouvidas
pela Folha, o desempenho do ano passado representou um salto
significativo para a a consultoria, que faturou pouco mais de R$ 160
mil no ano de sua fundação, 2006.
Batizada como Projeto, a empresa de consultoria de Palocci foi aberta
em julho de 2006 e transformada numa administradora de imóveis no fim
de 2010, dias antes da posse do novo governo.
A Folha revelou no domingo que a Projeto comprou um apartamento de R$
6,6 milhões no ano passado e um escritório de R$ 882 mil em 2009. Os
dois imóveis ficam em São Paulo, perto da avenida Paulista, uma das
áreas mais valorizadas da cidade.
As aquisições ajudaram Palocci a multiplicar por 20 seu patrimônio. Ao
registrar sua candidatura a deputado em 2006, ele declarou à Justiça
Eleitoral a propriedade de bens avaliados em R$ 356 mil, em valores
corrigidos.
Palocci afirmou nesta semana que adquiriu os dois imóveis com recursos
que sua consultoria obteve nos anos em que ele exerceu o mandato de
deputado federal. O faturamento de 2010 é suficiente para comprar três
apartamentos iguais ao que ele adquiriu no fim do ano.
A legislação brasileira permite que parlamentares mantenham atividades
privadas como a consultoria de Palocci mesmo durante o exercício do
mandato, mas prevê sanções para parlamentares que defenderem
interesses dos clientes em sua atuação no Congresso.
Palocci tem evitado discutir a natureza dos serviços que sua empresa
prestou e a identidade de seus clientes.
Palocci mudou os estatutos da empresa no fim do ano passado por
orientação da Comissão de Ética Pública da Presidência da República,
para evitar que sua atividade como consultor de empresas gerasse
conflitos com sua atuação no governo Dilma.
Ele transformou a Projeto numa administradora de imóveis e contratou
uma empresa ligada ao Bradesco para administrá-la. Palocci diz que o
apartamento e o escritório de São Paulo são os dois únicos imóveis
administrados pela firma atualmente.
A Folha solicitou à Casa Civil várias vezes nos últimos dias
informações sobre a Projeto, seus clientes e seu faturamento, mas a
Casa Civil e a assessoria da empresa disseram que não divulgariam
nenhuma dessas informações.