A “zoação” já começa pelo título: Os “escravos” cubanos deixam nervosos os médicos brasileiros.
Diz que setores da oposição afirmam que “Brasília e Havana sujeitam os médicos ao ‘trabalho escravo’”.
Mas lembra que os US$ 1.600 que os cubanos receberão de seu Governo, são “um monte de dinheiro” numa país onde a cesta básica de uma família anda em tono de US$ 100.
“O Conselho Federal de Medicina do Brasil afirma que a chegada dos médicos cubanos “expõe a saúde da população a risco.” No entanto, apenas mil médicos brasileiros concordaram em trabalhar em algumas das centenas de vilarejos em que nunca houve um médico. Parece estranho dizer que para quem sofre dessas regiões é melhor viver sem cuidados de saúde de que a presença de médicos cubanos.”
A publicação espanhola critica ainda as entidades brasileiras por dizerem que “a formação de seus colegas da ilha é pobre”.“No entanto, são os médicos “pau pra toda obra”, dispostos a morarem nas áreas mais inóspitas, capazes de trabalhar com o mínimo de recursos, prontos para campanhas preventivas de saúde, e muito experiente no diagnóstico clínico, indispensáveis em locais onde não há ou equipamento de laboratório”.
E conta que em muitos países “as faculdades de medicina dificultam a validação dos títulos de escolas médicas cubanas”, embora aos poucos venham tendo de que ceder.
“Durante sua visita a Cuba, o presidente uruguaio, Pepe Mujica, disse-nos (ao jornal) que em seu país já reconhece a maioria dos títulos. A resistência só é mantida em algumas especialidades, as que dão o mais dinheiro para os médicos e que custam mais caro aos pacientes, falou com alguma amargura.”
O Público afirma que, “para além das simpatias políticas, o governo brasileiro não tinha escolha, pois seu o plano para ampliar a cobertura de saúde para todo o país precisa de 54 mil médicos”.
“Esta semana chegam 244 profissionais de Portugal, Espanha, Argentina e Uruguai, mas que escolheram de trabalhar somente nas cidades. Cuba é o único país capaz de enviar, em um tempo muito curto, um contingente de milhares de médicos nas áreas mais carentes. Um “luxo” a que a ilha pode se dar, porque tem quase 80 mil graduados em medicina, um para cada 150 habitantes, a melhor taxa do mundo.”
Por: Fernando Brito