Os números são da revista Forbes, a mais conceituada entre as publicações econômicas internacionais. Eike Batista despencou em apenas um ano da 7ª para a 100ª no ranking dos mais ricos do mundo. Nem no Brasil ele segue como o mais rico: caiu para 4º, atrás da empreiteira Dirce Camargo (Camargo Corrêa), do empresário Jorge Paulo Lemann (Ambev) do banqueiro Joseph Safra. Segundo cálculos da própria Forbes, o empresário brasileiro perde nada menos que 2 milhões de dólares (R$ 3,9 mi) por hora.
Eike é um dos filhos de Eliezer Batista da Silva, ex-presidente da Companhia Vale do Rio Doce (de 1961 a 1964 e de 1979 a 1986) e ex-ministro de Minas e Energia. Aos 23 anos de idade, abandonou a faculdade de engenharia que fazia na Alemanha para tentar a sorte no garimpo de ouro na Amazônia. Deu certo. Mais que certo. Ele transformou os 500 mil dólares que havia pego emprestado em 6 milhões. Investiu esse dinheiro e viu sua fortuna aumentar gradativamente.
No começo dos anos 2000, trocou o ouro pelo minério de ferro. Em 2005, fundou sua própria empresa de extração, a MMX. Um ano e meio depois, vendeu uma fatia da empresa para a Anglo-American e já se tornou o homem mais rico do Brasil. A partir daí, começou a construir o seu império pessoal.
Em 2008, Eike começou o seu grande projeto: fazer concorrência para ninguém menos que a Petrobrás. Fundou a OGX e quebrou recordes de venda de ações antes mesmo de a empresa sair do papel. Depois, criou a LLX, uma empresa de logística voltada para a construção de portos cujo maior objetivo era escoar a produção da OGX e da MMX. Eike ainda usava a termelétrica MPX que já possuía desde 2001 para alimentar as minas da MMX, os portos da LLX e as instalações da OGX.
GettyEike é o favorito na licitação, mas vive 'inferno astral'
Não contente, criou ainda a CCX, que seria dedicada a extrair carvão. Extração esta dedicada a fornecer a energia para as suas outras empresas. Para terminar, fundou a indústria naval OSX. O objetivo: fornecer os equipamentos que a OGX precisava para extrair o seu petróleo.
Eike criou e interligou uma sopa de letrinhas com suas empresas, onde o X representava a multiplicação de suas riquezas. Na teoria, a ideia parecia ser boa. O empresário não precisaria comprar quase nada para fazer a sua máquina funcionar. Mas um problema derrubou o império.
A OGX, grande empresa do grupo, surgiu produzindo apenas 25% do que se esperava. As ações despencaram e, claro, levaram junto as ações de todas as outras companhias. Somando os prejuízos, perdeu quase 2 bilhões de reais – dois Maracanãs - só com o faturamento de suas seis empresas no último ano fiscal.
A ‘crise’ de Eike fez até com que o governo sinalizasse com uma ajuda as ‘empresas X’. A agência de notícias Valor Pro noticiou que o governo teria acionado a Petrobras para começar negociações com o grupo EBX, na tentativa de restaurar a confiança dos investidores no conglomerado de Eike. O reflexo disso veio ontem: todas as ‘ações X’ subiram. A valorização, porém, ainda está muito longe, mas muito longe mesmo, de compensar todas as perdas nos últimos anos.
Veja como foi o rendimento das ‘empresas X’ nos últimos anos fiscais:
OGX (exploração e produção de óleo e gás natural)Desvalorização na Bovespa*: 80,25%
Prejuízo: R$ 482,165 M
Valor da ação em 09/03/2012: 14,19
Valor da ação em 09/04/2013: 1,68
MMX (mineração)Desvalorização na Bovespa*: 63,8%
Prejuízo: R$ 792,354 M
Valor da ação em 09/03/2012: 8,97
Valor da ação em 09/04/2013: 2,06
MPX (energia)Desvalorização na Bovespa*: 24,76%
Prejuízo: R$ 549,092 M
Valor da ação em 09/03/2012: 13,17
Valor da ação em 09/04/2013: 9,40
LLX (logística)Desvalorizaçã0o na Bovespa*: 47,38%
Prejuízo: R$ 39,385 M
Valor da ação em 09/03/2012: 3,39
Valor da ação em 09/04/2013: 1,93
OSX (indústria naval)Desvalorização na Bovespa*: 57,05%
Prejuízo: R$ 26,334 M
Valor da ação em 09/03/2012: 15,35
Valor da ação em 09/04/2013: 3,62
CCX (mineração de carvão)Prejuízo: R$ 54,747 M
Valor da ação em 09/03/2012: 8,20
Valor da ação em 09/04/2013: 3,60