Política
FERNANDO DE BARROS E SILVA Colapso paulistano
Folha de S Paulo
SÃO PAULO - Nós, paulistanos, aprendemos a viver numa espécie de duplo registro, entre a ilusão insistente de que as coisas funcionam ou podem funcionar, ainda que mal, e espasmos periódicos de desilusão, quando cai a ficha de que as coisas por aqui não funcionam, definitivamente. Há anos, as chuvas de verão nos fazem lembrar da inviabilidade crônica da cidade. É quando o "colapso urbano" deixa de ser só uma metáfora pertinente para se materializar -de muitas maneiras.
Todos terão uma história para contar, sua ou de alguém conhecido, envolvendo as inundações da última terça: a faxineira que fez em cinco horas, da sua casa ao trabalho, um percurso que costuma fazer em uma hora, nunca sentiu "tanto medo de morrer"; ela, que não sabia nadar, presa num ônibus lotado e flutuando no asfalto que virou rio.
Ou a vizinha de Higienópolis, que não pôde trabalhar porque não tinha com quem deixar os filhos -a diarista ficou presa nas enchentes. Ou os que chegaram a Cumbica da Europa, depois de 12 horas num avião, e levaram em média outras sete horas até aterrissar em casa.
Reciclamos o transtorno da véspera e já esperamos a próxima catástrofe. Mas ainda há regiões da cidade inundadas. É o caso do Jardim Romano, área pobre da zona leste. O "Fantástico", da Globo, fez uma reportagem submetendo amostras da água acumulada no local a exames de laboratório. Resultado: há naquela água podre cerca de 2 milhões de coliformes fecais por 100 ml, o dobro da quantidade detectada num rio imundo como o Tietê.
Curiosamente, para quem não ficou ilhado (nem vive entre os ratos), a cidade pareceu calma na última terça. Milhares de pessoas puderam experimentar, em ruas desertas e desimpedidas, a sensação estranha de que a vida fluía.
São Paulo é isso: o naufrágio da maioria permitiu que as coisas funcionassem muito melhor para outros tantos, eleitos ao acaso. Essa mistura entre o "salvou-se quem podia" e o colapso geral talvez seja a síntese da tragédia paulistana.
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