RIO DE JANEIRO - O presidente Lula não gosta de ler jornais. Foi uma decepção para a imprensa, pois através dela foi escolhido um dos homens mais influentes do planeta. Trabalho em jornal desde adolescente. Tempo em que os linotipistas tinham de tomar leite para evitar a intoxicação por chumbo.
Como o meu negócio é tornar os jornais mais atraentes, não brigo com quem não os lê; pergunto sempre como podemos melhorar.
Um dos argumentos mais esgrimidos nessas polêmicas é que a internet está matando os jornais. Na semana em que se discute isso no Brasil, o "Los Angeles Times" anuncia que sua receita na internet superou a do jornal impresso e hoje é a sustentação principal da empresa.
Isso significa, ao contrário, que a internet está salvando os jornais? Também é um exagero. O que a internet vai fazer é obrigar os jornais a grandes mudanças.
Pessoas para quem a leitura é uma das razões de viver às vezes são impacientes com outras formas de comunicar. Por exemplo: a fotografia ganhou espaço nos jornais brasileiros graças também à competência de nossos fotógrafos. Muitos editores a viam como uma forma secundária.
Agora o desafio é outro. Dezenas de novos programas de visualização disputam espaço. Num mundo complicado, ver mapas e gráficos nos dá a impressão de controlar a realidade. Podemos desenhá-la em camadas que aprofundam o conhecimento do tema.
Um dos criadores desses programas, para ilustrar a diferença genética entre homem e macaco, desenhou, num fundo negro, com minúsculas letras brancas, a cabeça do macaco. Havia raros pontos vermelhos -eram a marca da diferença.
Não se trata mais só de absorver a fotografia. Mas de explorar maneiras de visualização. Evoluir para sobreviver é a tarefa que a indiferença nos provoca.