BRASÍLIA - Quando o consórcio PSDB-PFL falava em ficar 20 anos no poder faltavam dois elementos básicos. Tucanos e pefelistas (hoje democratas) nunca tiveram um personagem como Lula funcionando como amálgama dessa associação. Tampouco eram siglas estruturadas organicamente no país.
Passa-se algo diverso com o PT e Lula. O lulo-petismo sobreviveu ao mensalão por várias razões, mas também por causa de uma obsessão em construir "o partido". Antes de uma geração de petistas ser dizimada, o tesoureiro Delúbio Soares equipou freneticamente os diretórios da sigla pelo Brasil. Comprou 5.000 computadores. Nesta semana, o PT inaugura um estúdio em Brasília no qual produzirá vídeos e áudios. Inundará a internet.
Tornou-se ocioso martelar como o PT virou um fiapo do seu passado ideológico. Todos os grandes partidos mimetizam essa geleia filosófica. O diferente agora é a forma como petistas e lulistas se aparelham -e aparelham o Estado- para não deixar o governo. Insere-se aí a política de alianças heterodoxas com Sarney, Maluf, Collor e outros.
Eram todos fiéis seguidores de FHC. Metamorfosearam-se. Viraram lulistas. Não largam o osso por uma razão singela. No comércio da política, o PT entrega mais as mercadorias do que os tucanos. Tome-se como exemplo o acordo firmado lá atrás entre o PMDB e o Palácio do Planalto visando a instalar Michel Temer na presidência da Câmara.
Motivo de chacota, o acerto foi honrado neste ano pelos petistas -para surpresa de muitos, inclusive do autor deste texto.
Agora, PT e PMDB anunciaram um compromisso maior. Querem ganhar juntos a Presidência em 2010. Alguns olham de soslaio. Duvidam. Mas as razões para desconfiança hoje são menores do que no passado. Há um jogo pesado em curso. Mira-se numa hegemonia muito mais sólida do que a um dia tentada por PSDB e PFL.