Há discussões recorrentes da organização dos grandes eventos. Algumas delas são equívocos que se repetem em outros lugares do mundo: "Vocês falam sobre a condição dos estádios, mas na Itália e na África do Sul a situação era muito pior um ano antes das Copas do Mundo que esses países organizaram", disse o jornalista italiano Luca Calamai, da Gazzetta dello Sport, no dia de Brasil x Inglaterra, no Maracanã.
Alguns erros, no entanto, não podem ocorrer. O Uruguai não pode não saber onde treinar. E a situação do Centro de Credenciamento em Brasília na tarde de quinta-feira é absolutamente vergonhosa.
Digo vergonhosa e emendo: senti vergonha porque sou brasileiro (não de ser brasileiro) e vi os organizadores, brasileiros como eu, incapazes de resolver o problema. Um jornalista dinamarquês desesperado por precisar trabalhar dentro do estádio Mané Garrincha e não conseguir a credencial para ter acesso ao local determinado.
A situação se criou a partir das 15h, quando o Centro de Credenciamento fechou. A informação oficial era de que não havia mais material para confeccionar as credenciais. "O número de jornalistas superou a expectativa", disse um voluntário.
A informação foi imediatamente levada ao ar no Bate Bola da tarde, por Cícero Mello e eu, que não pude me credenciar justamente pelo problema citado.
Antes de sair do Mané Garrincha e seguir para o treino da seleção brasileira, no Centro de Capacitação do Corpo de Bombeiros, voltei ao local do crime, para tentar entender se haveria solução. Estava pior. Um jornalista mexicano e outro dinamarquês não conseguiam nem a credencial, nem a informação adequada.
Pior do que ter um problema é a incapacidade de resolver. Pior do que ser incapaz de resolver é a tentativa de fugir da responsabilidade. Às 15h50, não havia um coordenador responsável. O voluntário na porta do Centro de Credenciamento dizia não ser sua responsabilidade, o típico "não é comigo!"
Como não? O voluntariado prevê a tentativa de ajudar.
"Eu não falo inglês e não posso ajudar", dizia o voluntário.
O coordenador, Leandro, apareceu minutos depois. Ouviu sobre a necessidade de solucionar pelo menos o problema dos que precisavam entrar no estádio, como o jornalista dinamarquês. Pareceu preocupado, mas não capaz de solucionar a questão.
Traduzi a situação para o jornalista dinamarquês, aquele que precisave de ajuda para entrar no Mané Garrincha. "É uma vergonha", ele disse.
É, sim! Pena.