Impressões do debate
Política

Impressões do debate


                       

No extraordinário texto da peça "Assim é, se lhe parece" o escritor Luigi Pirandelo nos ensina que um fato pode modificar-se muito em função do olhar de quem observa. Portanto, aqui vai o MEU OLHAR sobre o debate de ontem.

No meu ponto de vista o debate promovido pela Globo apenas confirmou o que os outros já tinham explicitado. Temos dois candidatos do discurso desenvolvimentista, Serra e Dilma, verdadeiros fósseis políticos em pleno século XXI. Os dois reduzem seu discurso a "projetos e investimento" o que exclui uma discussão aprofundada sobre políticas públicas macro e gestão. O enfoque é sempre pontual, e nunca integrado. Típico de quem vê a política pelos olhos do gerente. Falta aos dois, à meu ver, mas principalmente a candidata Dilma algum arcabouço intelectual que legitimize e dê suporte suas propostas. 
No campo da empatia pessoal, os dois são à mim insuportáveis. Serra, frio como um cadáver, nem ao sorrir esboça algum traço de simpatia genuína. A falta de emoção é a marca registrada do candidato. Dilma, com aquela voz empostada, olhar inseguro e a fala gaguejante é claramente uma candidata à serviço do seu criador. Difícil perceber algum traço de simpatia ou humanidade por trás da máscara bem ensaiada dos '"personal marqueteiros". E aquele laquê...
Temos na Marina a candidata do discurso da sustentabilidade ambiental. Conseguiu com mais sucesso do que Serra e Dilma aprofundar o debate sobre temas e questões prementes. Tem um discurso mais bem coordenado, e sua atuação no governo sugere uma atitude mais séria em relação à corrupção do que os candidatos predominantes. Suas propostas são, à meu ver, mais modernas e condizentes com a pluralidade de enfoques necessária ao ataque e gestão dos desafios por vir. No campo pessoal, o semblante excessivamente sério não passa simpatia alguma. Com o tempo, percebe-se que aquela seriedade é autêntica e não existe nenhum esforço de marketing para mudá-la. Ponto positivo.
O candidato Plínio é um capítulo à parte. Aparentemente sabedor da impossibilidade da vitória, ele parece aquele parente  que chega para estragar a festa apontando as mentiras, hipocrisias e imposturas, no caso, vigentes na campanha. Intelectual de esquerda histórico, o velhinho é demais! Deixou o Serra e a Dilma  com cara de paisagem em várias ocasiões com suas intervenções irreverentes e sempre ferinas. Simpático, provocador e super ativo aos oitetanta e poucos anos, foi coerente com o discurso de uma vida. Na minha opinião, seu melhor momento na campanha foi no debate na Record. Ao ser perguntado sobre os ganhos reais do salário mínimo advogados pela candidata da situação, o velhinho só faltou dizer para a Dilma que qualquer percentual sobre o nada é igual a nada. Uma autêntica descompostura na candidata que tentou levantar uma lebre para capitalizar méritos para o governo do chefe. Para mim, de longe o melhor candidato nos debates.



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