Foto: A Crítica, do Amazonas
É razoável que um presidente da República prestigie um prefeito acusado de corrupção e de pedofilia? Se esse presidente se chama Lula, e desfruta e elevado grau de popularidade, é possível, sim.
Foi o que ocorreu ontem. Depois de inaugurar em Manaus Feira da Amazônia, evento promovido pela Superintendência da Zona Franca da Amazônia, Lula visitou Coari, distante dali 363 quilômetros.
Em 20 de maio último, a Polícia Federal detonou a Operação Vorax para desmantelar a quadrilha que assaltava os cofres públicos de Coari. Foram expedidos 48 mandados de busca e apreensão e 23 de prisão. Os alvos preferenciais da Polícia Federal: a Comissão de Licitações, a Secretaria de Finanças, o Gabinete do prefeito, a Secretaria de Saúde e a Secretaria de Obras.
A operação implodiu também uma rede de exploração sexual de menores.
Do vice-prefeito para baixo foram presas 17 pessoas. Adail Pinheiro (PMDB), o prefeito, só não foi preso porque o Tribunal Regional Federal da 1a. Região recusou o pedido da Polícia Federal. Mas caiu em desgraça política desde então. Mais ainda quando se tornaram públicas gravações onde um assessor dele diz a certa altura de uma conversa:
- Adail, estou aqui com duas jornalistas [era como os dois se referiam a menores prostitutas) do teu calibre 1.5 , 1.6 [15 e 16 anos de idade].
Pois Lula confraternizou com Adail (foto acima) em praça pública. Apesar dos protestos de parte dos moradores da cidade, chamou Adail de "companheiro". E disse que se fosse convidado pelo prefeito dormiria na cidade "com muito prazer". Não dormiu. Voltou a Manaus na companhia do governador Eduardo Braga (PMDB).
O PT do Amazonas está furioso com Lula. O jornal A Crítica, o mais importante do Estado, manifestou seu espanto na capa da edição de hoje (veja abaixo).
Em junho último, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia requereu cópia dos autos produzidos pela Operação Vorax que apontou o envolvimento de Adail Pinheiro e de outras 31 pessoas em crimes como aliciamento de menores e favorecimento à prostituição, além de peculato, formação de quadrilha e sonegação fiscal.