A ANJ finge que não tem este senhor como candidato
Lula tocou na ferida no histórico discurso de ontem, em Campinas, e a imprensa acusou o golpe. Depois que o presidente denunciou que jornais e revistas atuam como partidos, têm candidato mas não assumem, e fazem um papel vergonhoso, a Associação Nacional de Jornais (ANJ), órgão de representação dos donos dos meios de comunicação,soltou logo uma nota hipócrita sobre o que seria o papel da imprensa em sociedades democráticas.
“O papel da imprensa, convém recordar, é o de levar à sociedade toda informação, opinião e crítica que contribua para as opções informadas dos cidadãos, mesmo aquelas que desagradem os governantes”, diz a nota da ANJ. Redação melhor no que toca ao comportamento da mídia brasileira seria dizer que “o papel da imprensa é o de levar à sociedade toda desinformação, opinião parcial e crítica infundada que contribua para confundir o cidadão e agradar o candidato que apoiamos.”
A ANJ não tem como negar que atue como partido de oposição. Sua própria presidente, Judith Brito, diretora do Grupo Folha, afirmou isso. Só que os jornais que a integram fingem que não fazem isso. Fingem que não apoiam Serra ou qualquer outro candidato que possa enfrentar o campo popular,como mostrou Merval Pereira em seu artigo de hoje em O Globo, que mencionei mais cedo aqui. O objetivo é derrubar Dilma como sucessora de Lula e de um projeto político que os ameaça. Serra parecia o nome indicado para isso. Mas diante do seu fracasso, que seja Marina ou qualquer outro que demonstrar um mínimo de viabilidade.
A atuação da mídia é desonesta e golpista. Como foi em 54, como foi em 64, como foi em 89 e como vem sendo a cada eleição desde que a esquerda se viabilizou eleitoralmente. Sua falsa postura democrática vai por água abaixo quando vê seus interesses de classe ameaçados. A imprensa brasileira não faz jornalismo político. Ele atende aos interesses de seus donos. Lula disse isso ontem em Campinas, se dirigindo diretamente aos jornalistas. Que não se iludam de estarem fazendo jornalismo, porque o que fazem é contribuir com os interesses dos donos dos jornais e revistas para os quais trabalham.
Como disse Lula, a imprensa brasileira dá vergonha. Num país que vive um momento de euforia, com o crescimento do PIB se anunciando magnífico, com as políticas de distribuição de renda trazendo resultados, e com a possibilidade de nos tornarmos econômica e socialmente desenvolvidos, o jornalismo praticado é ultrapassado, retrógrado e ofensivo à inteligência.
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