Política
Lula vai anunciar contribuição de US$ 5 bi para países pobres
Terra
Lula vai anunciar contribuição de US$ 5 bi para países pobres
17 de dezembro de 2009
O presidente Lula e os mnistros Dilma Rousseff e Carlos Minc se reuniram enquanto tomavam café da manhã Foto: Ricardo Stuckert/Agência Brasil
Lúcia Müzell
Direto de Copenhague
O presidente Lula deverá anunciar no seu discurso no plenário da ONU nesta tarde que o país vai contribuir com US$ 5 bilhões para o Fundo Global de Mudanças Climáticas, cujo objetivo é o de ajudar os países em desenvolvimento e emergentes a enfrentar o aquecimento global. A informação foi confirmada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, com exclusividade ao Terra.
A decisão teria sido tomada em conjunto entre Lula, Minc e a ministra-chede da Casa Civil, Dilma Rousseff, na noite de ontem.
"O Brasil se comprometeu com U$S 5 bilhões para gastar nos outros países. Só no Brasil, nós vamos gastar 16 bilhões para combater as mudanças climáticas", afirmou Minc. "Isso vai ser colocado pelo próprio presidente Lula hoje para os países desenvolvidos, agora à tarde".
Minc explicou que o cálculo do dinheiro é baseado no que o país deixa de ganhar com transferência de tecnologia em etanol e em monitoramento de florestas nos países latinos e africanos.
"Com o nosso recurso, dado, estamos fazendo os objetivos do fundo. É diferente de um gesto que pode até ser mais político, de tirar um chequinho para a televisão mostrar. A diferença é que, ao invés de dar uma quantia menor, em um cheque, a gente está fazendo isso", afirmou o ministro.
Uma fonte ligada à delegação confirmou que o país também vai contribuir "com dinheiro vivo", mas não podia informar valores. "Isso ainda está sendo decidido".
China teria cedido, diz Minc
O ministro ainda deixou escapar que, na reunião que Lula manteve ontem com o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, o brasileiro "conseguiu arrancar de Brown que apertasse os Estados Unidos para eles colocarem uma meta melhor e um recurso melhor", conforme Minc.
O ministro também disse que uma reunião entre os países emergentes na noite de ontem resultou na aceitação, por parte da China, que as ações de verificação internacional das redução de emissões sejam realizadas no país, um ponto que até então opunha frontalmente os chineses e os americanos.
Pela manhã, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, voltou a cobrar a verificação das ações nos países pobres para que "as negociações não permaneçam bloqueadas".
"A China aceitou uma verificação nacional mesmo que no que é feito sem financiamentos externos, a cada dois anos", garantiu Minc, que espera que as reuniões entre os chefes de Estado na reta final da conferência poderão destravar as negociações e que as "cartas na manga" do Brasil possam contribuir para que os líderes cheguem a um acordo satisfatório em termos de metas e financiamento.
Sobre a preparação da ministra Dilma para chefiar as negociações em nome do Brasil - a senadora Marina Silva insinuou que Dilma era inexperiente -, Minc disse que prefere que o país tenha como líder uma pessoa que não vem da área ambiental.
"Eu até acho interessante alguém forte como ela, que vem do desenvolvimento, vir cada vez incorporando o discurso ambiental", afirmou Minc. "Não concordo que ela seja despreparada. A ministra Dilma é muito apreciada pelos países emergentes. Ela não participou de outras reuniões desta natureza, mas ela pega rápido".
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