Política
Mais um refresco - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 21/06O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) decidiu ontem ampliar em alguma coisa a chamada Operação Twist, que se destina a achatar os juros de longo prazo e, assim, continuar a estimular a retomada da economia dos Estados Unidos.Essa operação não envolve despejo de mais moeda. O Fed vai vender títulos do Tesouro de curto prazo e recomprar títulos de longo prazo. O efeito prático pretendido é a redução dos juros de longo prazo: se entra como comprador, o Fed acaba por aumentar a demanda por esses títulos, seu preço sobe e seu rendimento (yield) cai na mesma proporção.Juros de longo prazo mais baixos, por sua vez, devem concorrer para baixar também os juros dos empréstimos para investimentos e os juros cobrados nos financiamentos imobiliários garantidos por hipotecas.Um dos maiores obstáculos à retomada da economia dos Estados Unidos ainda é consequência do estouro da bolha imobiliária ocorrida em 2007. Por falta de compradores, os preços dos imóveis desabaram abaixo das próprias garantias hipotecárias. Esse problema provocou dois efeitos: derrubou em mais de 60% o patrimônio familiar do americano médio, amarrado ao valor de mercado da casa própria; e provocou forte deterioração das garantias dos créditos em poder dos bancos que, em seguida, passaram a ser chamados ativos tóxicos ou ativos podres. O empobrecimento do consumidor americano e a perda da capacidade de concessão de crédito dos bancos paralisaram a economia.Para reativar a locomotiva, o Fed vem atuando na fronteira do que separa a responsabilidade da irresponsabilidade. Ainda no auge da crise, emitiu US$ 1,7 trilhão para recomprar ativos privados e, desta forma, livrar alguns bancos do naufrágio. Em dezembro de 2008, colocou em marcha a operação Afrouxamento Quantitativo (Quantitative Easing - QE1), pela qual despejou US$ 300 bilhões na recompra de títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Em novembro de 2010, com o mesmo objetivo, lançou o QE2, dessa vez com o calibre de US$ 600 bilhões.Apesar desse esforço, em meados do segundo semestre do ano passado, a economia americana continuava travada. O consumidor permanecia relutante em sacar seu cartão de crédito; os bancos, retraídos no crédito; o setor produtivo, semiparalisado; e o desemprego batendo recorde após recorde.Foi por isso que, em setembro, o Fed tentou mais uma respiração boca a boca. Anunciou a primeira Operação Twist, de US$ 400 bilhões, não mais para irrigar a economia com moeda emitida, mas para trocar títulos de curto prazo por títulos de longo prazo. Agora, às vésperas do vencimento dessa primeira operação, lançou a segunda, desta vez, de US$ 267 bilhões, que será concluída no final do ano.Vai funcionar? Não dá para afirmar que o esforço anterior tenha sido inútil. Imagine-se o que seria da economia dos Estados Unidos se o jogo pesado não tivesse sido posto em marcha. O fato é que a retomada continua insatisfatória e o desemprego segue aumentando. Muitos observadores vinham pedindo mais do que saiu ontem. Pediam mais uma alentada rodada de afrouxamento quantitativo, o tal QE3. O Fed não ousou partir para mais essa. Mas seu presidente, Ben Bernanke, avisou que mantém o trunfo prontinho para usar se for preciso.
loading...
-
O Fed Imprime Dólares - Celso Ming
O ESTADÃO - 14/09 Ontem, enquanto orgulhosamente anunciava a desoneração da folha de pagamentos de mais 25 setores da economia(veja mais no Confira), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi avisado de que o Federal Reserve (Fed, o banco central...
-
Emitir Moeda Para Salvar - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 29/08Os grandes bancos centrais continuam sob formidável pressão para que façam mais e mais para tirar a economia da estagnação (caso dos Estados Unidos) ou de um agravamento da atual paradeira (caso da área do euro).Paira...
-
Bazucas Em Ação - Celso Ming
O Estado de S.Paulo Se, em setembro de 2010, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tinha razões para se sentir ameaçado pela guerra cambial, agora tem muito mais. Cada qual com suas justificativas, grandes bancos centrais disparam suas bazucas sobre...
-
Afrouxar Ou Não Afrouxar- Celso Ming
O Estado de S. Paulo - 23/09/2010 A necessidade de despejar mais recursos públicos nos Estados Unidos para reativar a economia não está sendo encarada apenas como providência que, em última análise, vai melhorar o desempenho do setor produtivo...
-
No Vácuo Da Casa Branca - Celso Ming
O Estado de S. Paulo - 12/08/2010 O discurso mudou radicalmente e a percepção, também. Há apenas alguns meses, o presidente do Fed (o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, e os demais dirigentes discutiam quando afinal começaria o processo...
Política