Uma parte do dinheiro pago à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pelos amistosos da seleção nunca chegou ao Brasil e era desviada para contas dos Estados Unidos, registradas em nome de Sandro Rosell, atual presidente do Barcelona e ex-representante da Nike no Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, que diz ter tido acesso a fontes e documentos exclusivos.
Segundo a publicação, a ISE, empresa responsável por organizar os amistosos da seleção, recebia cerca de 1,6 milhão de dólares como lucro de cada partida. Deste dinheiro, porém, apenas US$ 1,1 milhão era repassado à CBF como pagamento do cachê. O restante, cerca de US$ 500 mil, não era contabilizado. E os documentos obtidos pelo Estadão mostram que ao menos US$ 450 mil foram parar em contas dos Estados Unidos, em uma empresa da propriedade de Sandro Rosell.
GettyJornal revela irregularidades e desvio de dinheiro na gestão Teixeira
Outro documento, válido pela organização de outros 24 amistosos, mostrava o pagamento de quase US$ 11 milhões para a mesma empresa dos Estados Unidos. Novamente, o valor desviado era de aproximadamente US$ 450 mil por cada partida.
Sandro Rosell mantinha amizade com Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Os dois tiveram vários acordos comerciais quando o catalão representava a Nike no Brasil. Rosell chegou a ser investigado por irregularidades na organização de um amistoso da seleção brasileira contra Portugal, realizado em Brasília no ano de 2008.
A ISE é a detentora do direito de organizar os jogos da seleção brasileira desde o ano de 2006, em contrato firmado na gestão de Ricardo Teixeira. Antes de renunciar ao seu cargo, em março do ano passado, o ex-presidente da CBF ainda renovou o vínculo com a ISE até 2022. Ouvido pelo Estadão, o atual mandatário do futebol brasileiro, José Maria Marin, disse "desconhecer" qualquer detalhe de como eram feitos os pagamentos pelos jogos antes de sua chegada à CBF.