Mercúrio, o incrível planeta que encolheu
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Mercúrio, o incrível planeta que encolheu


O incrível planeta que encolhe

As imagens mais nítidas de Mercúrio obtidas
até hoje mostram que o resfriamento de seu
núcleo o faz "enrugar" e diminuir de tamanho


Leandro Narloch

Nasa

Visto em detalhes
O planeta em alta resolução: os pontos brilhantes são crateras recentes formadas pela colisão de asteróides

Desde que os cientistas desqualificaram Plutão como planeta, Mercúrio ganhou o título de nanico do sistema solar. Pois ele está ficando ainda menor. A constatação foi feita com base nas 1 200 fotos enviadas na semana passada pela sonda americana Messenger, a maioria delas de uma região do astro que até então não havia sido observada. Na década de 70, ao analisarem as imagens da Mariner 10, a primeira sonda a fotografar Mercúrio, os cientistas concluíram que através das eras o raio do planeta encolhera pouco mais de 1 quilômetro. As novas informações da Messenger mostram que o encolhimento foi o dobro – e que ele vai continuar. A evidência do fenômeno está nas cadeias de montanhas escarpadas que se espalham de maneira uniforme pela superfície de Mercúrio. Elas são resultado do resfriamento do núcleo do planeta. Ao esfriar, o núcleo se retrai, puxando a superfície e tornando-a enrugada – da mesma forma que a pele dos dedos quando fica muito tempo exposta à água. Disse a VEJA o físico americano Ralph McNutt, um dos pesquisadores que trabalham com a sonda Messenger: "O processo de esfriamento do núcleo faz parte do ciclo de vida dos planetas e, em Mercúrio, as conseqüências disso são particularmente evidentes. Ele está diminuindo".

Sem atmosfera para desintegrar meteoros e cometas, Mercúrio tem uma superfície muito parecida com a da Lua. Os freqüentes choques de asteróides formam em toda a sua superfície crateras semelhantes às lunares. Algumas delas, como a de Kuiper (no centro da foto), brilham mais do que as outras porque são mais recentes. O impacto que as formou liberou do subsolo materiais que ainda não sofreram decomposição na superfície. A falta de atmosfera faz com que o planeta mais próximo do Sol tenha temperaturas extremas – 180 graus negativos durante a noite e 400 graus durante o dia. A sonda Messenger comprovou que, pelo menos contra os ventos solares, Mercúrio consegue se proteger. O astro possui um campo magnético com dois pólos, mas com apenas 1% da força do campo magnético da Terra. Ao medir a força magnética e gravitacional de Mercúrio, a sonda Messenger calibra os equipamentos para o ápice de sua missão: entrar na órbita do planeta, o que deve acontecer em março de 2011.




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