Política
nacional-sindicalismo de tipo novo
O homem e a mulher donos da “loja do chinês”, abrem cedo o negócio e, noite adentro ainda lá estão. Eles
realizam um trabalho produtivo: são um entre muitos pontos terminais de escoamento para mercadorias chinesas, numa situação concertada previamente, para a qual os empresários receberam um financiamento do Estado. Num sistema pró-socialista
todos são investidores (
organizados na forma do Estado)
e todos têm um retorno: na forma de reprodução de encomendas para a fábrica que alimenta o operário.
A meio do dia, num breve lapso, um português enrascado da vida entra na loja e surripia quatro pares de meias saindo sem passar pela caixa. Embora a mercadoria seja agora dele e o nosso larápio tivesse trabalhado, o que ele fez
foi um trabalho improdutivo. As meias rompem-se e voltar a gamar nem sempre resulta em êxito na correlação risco-valor. Na sociedade capitalista o nosso xico-esperto, na ausência de perspectivas, exasperado, passa-se dos carretos e “produz” qualquer bem-ou-mal mais grave e vai de cana;
o Estado passa a pagar-lhe a subsistência, (
ou o subsidio de desemprego nos casos menos graves).
A generalização que
não distingue “
trabalho produtivo” de “
trabalho improdutivo”
leva José Neves a afirmar que “
a cidade da multiplicidade de produtores” desmistifica “
o equívoco de tomar como produtores apenas e só a figura do operário fardado de sarja azul da fábrica”. Ou seja, aceita, revê e conforma-se com o status imposto pelo capitalismo, como se isso fosse uma coisa intelectualmente muito moderna. Realmente, os operários-de-facto já não se vêem, mas lá que os há, lá isso há. Basta deixar de olhar apenas para dentro e olhar também para o lado de fora da globalização. Isto para “
quando nos voltarem a falar da necessidade de o país voltar a produzir”.
Na deslocalização da fábrica para longe onde esta dá mais lucro e menos incómodos ao patrão, tal como nos casos dos vastos sectores improdutivos da sociedade,
o Estado capitalista burguês subtitui-se à realização de valor pela classe operária. O sindicalismo torna-se um factor residual (1). E quem controla e desarma então a capacidade de luta dos 80% de trabalhadores que não são sindicalizados, os precários e os trabalhadores (2) desempregados? – resposta: os sindicatos reformistas burgueses – que
recebem dinheiro do Estado como prémio de produção pela sua eficácia.
Alguns números
• 9,9 milhões de euros foi o valor das contribuições do Estado para a CGTP e UGT no primeiro semestre de 2011. No final a verba rondará os
20 milhões/ano.
• a UGT conta com
200 mil filiados (quase totalmente do sector terciário) e
a CGTP regista 500 mil trabalhadores sindicalizados. A população activa em Portugal situa-se nos 5.587.300 individuos.
• 2,7 milhões de euros é o valor das
quotas anuais pagas pelos trabalhadores sindicalizados à CGTP.
• a CGTP
emprega 10 mil dirigentes e delegados sindicais a tempo inteiro(1)
o Recurso dos sindicatos à greve é apenas simbólico (2)
Taxa de Desemprego atingiu os 12,5%... oficialmente.
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