A primeira reacção de Cavaco Silva ao confirmar a continuidade do seu projecto politico para o país foi responder àquilo a que antes se tinha negado a esclarecer: que esta tinha sido “a vitória da verdade contra a calúnia” – procurando assim fazer desaparecer por magia a rejeição da maioria da opinião pública ao actual modelo dito “democrático” – para concluir com um exemplo do que se desenha no horizonte próximo como o modelo de “magistratura activa”: o pidesco apelo à divulgação dos nomes (de jornalistas) responsáveis pela “campanha suja”
Não está de modo algum comprovado que os graves actos de corrupção que compro- metem Cavaco Silva sejam meras calúnias – e este método de julgamento de julgamento ilibatório pseudo judicial extraído da comparência do acusado perante urnas de voto popular (ainda por cima onde a maioria se abstém) é deveras doentio. Foi a votos, ganhou, ficou inocente - nada melhor que o "julgamento popular". Já assim foi com Sócrates: a maioria eleitoral que o reelegeu para 1º ministro “ilibou-o” dos crimes de corrupção praticados no Caso Freeport; foi assim com o ex-ministro de Durão Barroso titular de mirabolantes contas bancárias na Suiça, com Valentim Loureiro, Felgueiras, e assim continua com Cavaco
É este o espírito nacional. A maioria do povo, subliminar- mente, gostaria de poder roubar tanto (e ludibriar o fisco) com uma metodologia tão limpa quanto o fazem impunemente os “nossos representantes”. Assim, a maioria do povo ofereceu a iniciativa a Cavaco – não perguntem à maioria que vive de expedientes e não trabalha num paradigma de produção consistente o que podem fazer pelo país; perguntem antes a Cavaco o que pode fazer por si, que é um trabalhador. A resposta é Nada!