O governo Luiz Inácio Lula da Silva prepara sua última cartada para tentar consolidar o Brasil na condição de líder da América Latina. Sob seu comando, os 33 países da região se reúnem na quarta-feira, na Costa do Sauípe (na Bahia), para lançar um projeto de integração e um foro político dissociado dos EUA.
Maturada lentamente desde o início do governo Lula, em 2003, essa versão redesenhada da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), processo de integração abortado em 2005 pela trinca Brasil-Argentina-Venezuela, dará um contorno à região muito diferente do imaginado por Washington.
Ela incluirá Cuba e excluirá o Canadá e os EUA - estrategicamente, a um mês da posse de seu futuro presidente, Barack Obama. A Cúpula da América Latina e Caribe (CALC) ocorrerá logo depois das reuniões de três outros foros regionais da região. Amanhã e terça-feira, o Mercosul tentará encontrar em sua reunião semestral uma possibilidade de recuperação após cinco anos de estagnação. O bloco deverá aprovar medidas que lhe dêem mais consistência - como a adoção de um Código Aduaneiro.
Ainda na terça-feira, ocorrerá a cúpula da União de Nações Sul-americanas (Unasul) e uma sessão-relâmpago do Grupo do Rio (foro político que caiu em desuso há anos), para formalizar o ingresso de Cuba.
Por ordem do presidente Lula, as consultas oficiais aos outros 32 países sobre a organização do evento e a montagem do novo foro multilateral começaram em fevereiro. Mas essa iniciativa está no topo de uma estratégia calculada pelo Itamaraty, que começou com a negociação da Unasul, a partir de 2004, apesar da resistência do México, que acabou excluído até mesmo como observador.
A CALC, envolverá os 33 países da região e seus blocos regionais - Mercosul, Comunidade Andina (CAN), Sistema de Integração Centro-americano (Sica), Caricom, Associação Latino-americana de Integração (Aladi), Unasul e Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba).
Segundo o ministro Paulo França, diretor do Departamento de Integração Econômica Regional do Itamaraty, não se trata de uma iniciativa "contra um país" nem de um projeto de liberalização comercial, como foi a Alca.
O evento reforçará o plano de expansão da influência brasileira num espaço regional que se estende até o Rio Grande, na fronteira do México com os EUA.
Dos 33 países da região, 29 serão representados por seus chefes de Estado, para a satisfação do Palácio do Planalto e do Itamaraty. Embora uma declaração oficial esteja em negociação, com foco nos desafios da integração e do desenvolvimento da região em um período de crises financeira, energética, alimentar e ambiental, os líderes que quiserem poderão falar sobre o que bem entenderem.
Esse formato aberto da primeira reunião deixa claro o caráter simbólico desse encontro, a exemplo de outras iniciativas pioneiras do Brasil, como a cúpula da América do Sul e dos Países Árabes.
loading...
A 2ª Cúpula da Unidade da América Latina e do Caribe, que reúne 33 países em Cancun (Caribe mexicano), começou nesta segunda-feira (22) com uma participação histórica de líderes e com o objetivo principal de consolidar a integração regional...
O efeito tequila tucano Em primeiro lugar, em continuidade com a política do governo FHC, o Brasil teria aprovado a ALCA – a Área de Livre Comércio para as Américas. O Brasil estaria submetido ao livre comércio, ao contrário dos processos de...
O Estado de S.Paulo - 14/09/10 O Itamaraty celebrou o cinquentenário da criação, em 1960, da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (Alalc), pelo Tratado de Montevidéu, com encontro para examinar a evolução do processo de integração...
Pelo feito de conseguir organizar, ao mesmo tempo, quatro encontros internacionais de cúpula, incluindo a quase totalidade dos presidentes das Américas (os do Peru e da Colômbia não compareceram), o Brasil deveria entrar para o Guiness Book...
O governo brasileiro escolheu um belo cenário, a Costa do Sauípe, na Bahia, para celebrar mais um fracasso de sua diplomacia terceiro-mundista e para oferecer ao mundo um novo espetáculo da mais pura latinoamericanidad. A...