O Estado de S. Paulo - 02/04/2010 |
Não perco uma coluna do Sarney na Folha de S. Paulo. Não pela qualidade jornalística ou literária dos seus textos, mas para me surpreender, me divertir e me assombrar com esse quase inverossímil personagem do Brasil moderno, que desafia a imaginação de qualquer ficcionista. Como alguém assim chegou aonde chegou? Como permanece? Que forças estranhas o movem e o protegem? A última foi antológica. Ele se espantava com uma pesquisa que dava a internet como primeira fonte de notícias para os brasileiros, superando o rádio e a TV. "Mas no Maranhão dá TV, imbatível, 80% contra 4,3% da internet", ressalvava, não se sabe se com orgulho ou vergonha. A pesquisa nacional era preocupante: "Se o alcance da internet começa assim, o que virá depois?" Como a família Sarney é dona da TV Mirante, que exibe a programação da TV Globo e domina a audiência no Estado, algum leitor malicioso pode ser levado a crer que, para ele, o melhor mesmo é que a televisão continue imbatível, porque a internet, como é livre, é uma ameaça ao domínio da informação. E o pior é que nunca se sabe o que virá depois. E por que o Maranhão é o Estado mais atrasado do Brasil (também) na internet? Talvez os 40 anos de administração Sarney possam explicar. Ele diz que ela lhe dá medo: "O volume de informação que ela nos oferece é tão grande que é impossível saber onde está a verdade", conclui, como se possível fosse encontrá-la nos seus jornais, rádios e TVs. Ah, não se fazem verdades como antigamente, deve se lamentar. Mas o melhor é o final, quando ele diz que "os jornais morrem de duas doenças: a política e a idiossincrasia". "Jornais políticos perdem leitores e a credibilidade; os que têm idiossincrasias com pessoas e escolhem inimigos para bajular também contraem o vírus da morte", sentencia. A família Sarney é dona d"O Estado Maranhão, o jornal, que domina o mercado porque não faz política nem tem idiossincrasias. Tem imparcialidade e credibilidade, do contrário não receberia tantas verbas publicitárias municipais, estaduais e federais. Que ficcionista! Que pensador! Que visão crítica! Que.. |