Política
O baú das eleições: a mídia em 89 e 94
Revista Fórum
Por Moriti Neto
O comportamento da mídia nos processos eleitorais mundo afora permite a detecção de especificidades entre os países. Enquanto na Europa e até nos Estados Unidos, por exemplo, veículos de comunicação assumem opções claramente, no Brasil, essencialmente nas grandes corporações, pouco se reconhece a existência de instituições guiadas por regras empresariais, padrões de atuação profissional e escolhas políticas/partidárias trasnparentes.
Porém, como atores políticos ativos após a redemocratização do país, em 1985, jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão jogaram papel importante nas eleições realizadas desde então. E, a cada pleito, ao menos uma característica se evidencia na ação midiática: incorporação aos discursos dos candidatos que melhor representam os interesses das elites.
Em entrevista à Fórum, o cientista político do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Marcos Figueiredo, especialista em pesquisas sobre mídia e eleições, analisa particularidades dos processos de 1989 e 1994.
Fórum – A mídia age como um partido político?
Marcos Figueiredo – De maneira geral, isso ocorre no Brasil e no mundo. Em vários países opta-se por um ou outro candidato. O que faz diferença é que em alguns lugares as opções são mais claras e em outros não.
Fórum – E quais os impactos dessas opções nas eleições?
Figueiredo – Às vezes, há impactos importantes, mas é eventual. Outras vezes a escolha da mídia não se reflete no resultado, como no caso da última eleição presidencial, em 2006. Ali, os veículos eram contra a reeleição do Lula, mas ele venceu com respaldo popular.
Fórum – Quais as características mais simbólicas do comportamento da mídia nas eleições presidenciais de 1989?
Figueiredo – O apoio explícito da maioria dos grandes veículos ao Fernando Collor, principalmente no segundo turno. Havia algumas divisões nas redações, mas, no todo, o Collor era o favorito da mídia.
Fórum – A mídia fez essa escolha por qual motivo?
Figueiredo – Porque o discurso do Collor era liberal e conservador, se enquadrava melhor do que o do Lula, que foi o adversário dele no segundo turno, com os interesses das empresas.
Fórum – O senhor frisou o apoio no segundo turno. E no primeiro? A mídia tinha preferência por outro candidato?
Figueiredo – Destaco o segundo turno, pois foi nele que a mídia se apresentou de vez, teve que se posicionar. A mídia é liberal e conservadora e tinha que escolher um representante entre Collor e Lula. Mas, se no segundo turno a decisão era óbvia, no primeiro se diluía entre vários candidatos. Havia o Maluf, o Mário Covas...
Fórum – Na eleição seguinte, em 1994, a mídia mostra alguma diferença significativa na postura?
Figueiredo - Não. Na verdade, há muitas semelhanças no comportamento. Novamente, os veículos optam por um candidato – Fernando Henrique Cardoso – que vinha com um discurso com tudo que a elite conservadora queria no momento. A diferença é que o discurso vem revestido com o Plano Real e a estabilização de moeda, mas também é conservador.
Fórum – Na época, o histórico dos candidatos pesou?
Figueiredo – Claro. Na composição da elite brasileira estão os veículos de comunicação. Então, era escolher entre alguém com um histórico de intelectual, sociólogo, e um operário.
Fórum – Em 89 e 94 é possível afirmar que a mídia foi decisiva?
Figueiredo – A mídia teve certo peso, mas, em minha opinião, não foi decisiva. Decisivos, nos dois casos, foram os discursos dos candidatos, Collor e FHC, que diziam o que a sociedade queria ouvir naqueles momentos. Na realidade, não foi a mídia que construiu os candidatos, mas os discursos dos candidatos que atraíram a elite, incluíndo as empresas de comunicação. A mídia é apenas um elemento nos processos eleitorais e não fator decisivo. Como disse antes, 2006 está aí para mostrar isso.
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