O caso dos espiões que não existem
Política

O caso dos espiões que não existem


O general na reforma José Loureiro dos Santos, uma espécie de enviado especial da Tropa para os meios de comunicação e desinformação oficiais salta em defesa da divertida gaffe do ministro:

“A partir de uma passagem da recente entrevista de Augusto Santos Silva ao jornal i, gerou-se uma onda de disparates que reverberaram em cascata pelo espaço mediático, protagonizado por alguns comentadores de serviço e, pasme-se, por alguns deputados da República, que mostraram uma ignorância absolutamente confrangedora acerca do que são e fazem os serviços de informação militares...” Uma “função desempenhada antes do 25 de Abril pela Pide durante a guerra colonial”, e que actualmente nas guerras de colonização do Império são desempenhadas por quem?
Loureiro dos Santos tem decerto mais responsabilidades que os eleitos pelo simulacro de República e, como não é um qualquer comentador ignorante, mas um notável eleito por uma assembleia restrita isenta de burros, poderá com certeza asnear como lhe aprouver, porém não poderia ter ignorado a manchete do New York Times de apenas dois dias antes: “a CIA pagou por inteiro do seu orçamento os serviços de espionagem no Afeganistão entre 2002 e 2009” (1). Se os Estados Unidos invadiram o Afeganistão com determinados objectivos e programas... se Portugal foi desde a primeira hora aliado desta politica... Se Portugal a apoia materialmente enviando tropas... que raio de tótós andam por ali e por aqui a auferir principescos salários (em tempo de crise não há reumático que afecte esta brigada) que desconhecem haver espiões e acções de espionagem na sua área de actuação?

Corrupção. Tão simples como a imaginação de loucos, mas é mesmo assim.

A corrupção em torno das chamadas “forças armadas para a defesa nacional” é recorrente, quer seja nos contratos de fornecimento de material de guerra, quer na subversão dos objectivos democráticos que haviam de presidir a este tipo de instituições. É contudo graças aos desentendimentos dos diversos agentes que gravitam estes interesses que são conhecidos alguns dos casos mais graves. É o caso da corte que rodeia o governo fantoche de Harmid Karzai, investigada por corrupção nos desvios de verbas de ajuda ao estabelecimento desta autoridade fictícia - trabalhar nesse sentido sim, roubar à tripa forra não - e esta descoberta é obra de espiões. Mohammed Zia Salehi, o chefe da administração do Conselho de Segurança Nacional (2) aparece numa lista onde constam pagamentos individuais durante muitos anos, de acordo com oficiais em Cabul e Washington. Na lista gerida pela CIA aparece também o meio irmão do presidente, Ahmed Wali Karzai, suspeito por desempenhar um papel proeminente no boom do comércio de ópio na região ocupada pelas tropas aliadas. Desde 2002 até este ano, os investigadores (vá lá, por uma vez chamemo-lhes espiões) das forças armadas norte americanas não tinham ainda pressionado mister Karzai no sentido de remover o irmão do seu posto de administrador da Provincia de Kandahar, como agente fulcral nos pipelines de dois sentidos que importam dinheiro da extinção das Seguranças Sociais e dos contibuintes nos paises ocidentais, apoiando desta forma a exportação de drogas que tornam cada vez mais ricos os sociopatas terroristas das corporações e os mercenários norte americanos e seus aliados.

(1) C.I.A. Paid Entire Budget of Afghanistan's Spy Service From 2002 to 2009 (link)
(2) National Security Council
(3) leitura gravada para memória futura: Charles Southwell em Outubro de 2003, Não seria já tempo de armar a Esquerda?
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