o caso dos médicos cubanos
Política

o caso dos médicos cubanos


A barragem que tem vindo a ser feita à contratação de médicos cubanos pelas corporações do ramo instaladas no sistema não é surpreendente. Porque o que determina a prestação de provas para aprovação prévia da competência dos médicos oriundos do sistema de saúde livre, gratuito e universal que vigora em Cuba é que a importação de actores que trabalham subordinados a este tipo de exemplos são maus para o negócio da saúde privada.

Portanto, as rigorosas provas obrigatórias aos médicos cubanos exigidas pela Faculdade de Medicina do Porto têm um cariz ideológico, anti-socialista. Na ausência de capacidade formativa de médicos num país como Portugal, dito desenvolvido, ocidental, já houve antes contratações de médicos espanhóis e uruguaios para acudir ao negligenciado sistema nacional de saúde e não se levantou problema algum. (1) Em flagrante contraste com outra prática que cada vez se torna mais corrente em Portugal: a contratação de médicos assalariados por empresas de trabalho temporário que depois os subcontratam, por metade do preço que o SNS paga, para prestar serviços nos hospitais regionais ou em centros de saúde no interior para onde ninguém quer ir. Trabalham em regra servindo de bombeiros a fazer serviços nas urgências de 24 horas, são pagos à hora, acumulam serviços seguidos sem observar periodos minimos de descanso, ganham pequenas fortunas, e sobre as suas competências ou habilidades comunicacionais não é exigivel qualquer controlo especial. Muitos têm uma carreira médica lastimável, não têm qualquer especialidade, alguns foram erradiados da função pública por problemas éticos; mas para serem “mercenarizados” por empresas de trabalho precário já são um óptimo material (com a vantagem de ser nativo) que não carece de teste prévio.

(1) Compare-se o lamentável episódio dos doentes que ficaram cegos por negligência médica no Hospital de Santa Maria, com o retumbante sucesso das operações às cataratas feitas sob a égide da Operacion Milagro providenciada pelo SNS de Cuba que já reabilitou algumas centenas de milhar de doentes em risco de ficarem cegos, um serviço que vem sendo comparticipado e aberto a todos os pobres da América Latina; e por extensão, até o presidente da Câmara de Vila Real de Santo António (que é oriundo do PSD) já se “pendurou” nele para recolher dividendos politicos para a autarquia
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