o fim do regabofe imobiliário
Política

o fim do regabofe imobiliário








o medo do Crédito (malparado) atinge os mercados globais, e os Bancos emissores de moeda mudam radicalmente a sua anterior política monetária anti-inflacionista.

“Os bancos centrais dos dois lados do Atlântico injectaram biliões no sistema financeiro para “acalmar os nervos” que recaem sobre a insolvência do Crédito (credit crunch) que teve origem no crash dos fundos de acções do imobiliário nos EUA – mas estas acções apenas servem para aumentar o alarme, abreviando a queda de preço das cotações e, porque aumenta o volume de dinheiro a dividir pelo mesmo número de valores/mercadoria existentes, o preço destes bens baixa. Por outro lado, como o capital em circulação é cada vez muito maior, os ganhos reclamados sob a forma de juros desse mesmo capital, aumentam. Daí que as primeiras noticias vindas a lume quando a maioria das pessoas estão a banhos fosse a de que em face da aflição “os bancos estavam a antecipar a subida dos juros sobre o crédito à habitação, apenas previstos para Setembro (para 4,25% na Europa, e 5,25% nos EUA). Fica claro que uma hipoteca hoje equivale a pagar cada vez mais por menos. Depois o Expresso assumiu, embora não pormenorizadamente a noticia: O Banco Central Europeu injectou valores de emergência nos mercados de 95 biliões de dólares
De seguida o desenvolvimento foi desaparecendo gradualmente dos nossos mapas informativos. O principio do "crash" do sistema capitalista global passou a ser uma habitual e corriqueira "crise da bolsa".

No entanto, o BCE pelo segundo día consecutivo ao detectar novas "tensões" no mercado, injectou mais 61.050 milhões de euros no sistema. O Banco do Japão outorgou 1 bilião de yenes (6.110 milhões de euros). O FED, por sua vez, inoculou um total de 38.000 milhões de dólares (27.750 milhões de euros) no mercado monetário dos EUA mediante três operações, e num comunicado pouco habitual na instituição, assegurou que faria todo o possivel para manter os mercados financeiros ordenados e estáveis. Os investidores recebem este mensagem com natural receio, levando em conta que nos últimos vinte anos o FED sómente enviou mensagens similares em duas ocasiões: na sequência dos atentados do 11 de Setembro e em 21 de Outubro de 1987, um dia depois da famosa “segunda-feira negra” em que as acções em Wall Street cairam 23 por cento num único dia. Por estes dias, (lembrando outro dia negro, a “sexta-feira de 1929” e a grande corrida aos bancos tentando levantar dinheiro titulado por créditos que não existe na totalidade concedida) a crise já extravasa os centros de decisão dos paises centrais do capitalismo capitaneados pela Trilateral (Eua, Europa, Japão): para acudir à falta de liquidez em cadeia das entidades privadas somam-se novas injecções de capital dos bancos centrais do Canadá, Australia e Suiça. Concluindo, Entidades Públicas intervêm emitindo moeda para salvar a liquidez das Entidades Privadas, o que desmascara a grande fraude liberal das “politicas de menos Estado” preconizadas pelos economistas neoliberais depois do golpe das “reaganomics” (antes sancionadas pela não necessidade da emissão de moeda precisar deste então de estar indexada ao valor do ouro – padrão seguido até então – e assim o Imperialismo se permitir o privilégio de ser o único emissor de moeda QB que serve de medida mundial – primeiro apoiado com a subida de valor dos “petrodólares” desde a crise de 1973, mais recentemente desde que o preço do petróleo, como produto escasso disparou e o preço das guerras aumentou astronomicamente, tornando-se óbvio que o dólar é apenas sustentado pelo ar – isto é, pela compra de titulos de créditos do tesouro norte americano que são comprados por estrangeiros, com a China e o Japão em primeiro lugar). E como o ar puro é também ele um bem cada vez mais escasso (e menor ainda, face à ameaça de bancarrota, a vontade de comprar novos titulos), estamos pois a meio do campeonato do grande crash capitalista que para efeito tranquilizante das massas ignaras em economia se convencionou denominar a partir dos anos 90 de “crises bolsistas”. As caracteristicas das bolsas que actuam em comunicação permanente durante 24 sobre 24 horas, é que, quando uma fecha, a circulação de dados não tem pausa e as reacções aceleram-se – o que em Tóquio é um receio, em Frankfurt passa a alto risco e quando chega a New York é já um desastre. Neste sistema nervoso tripartido, os pacotes de falsos investimentos (porque não sustentados por valores reais) que circulam nas veias da economia ocidental são como se fossem bombas de rácio que explodem aleatoriamente em qualquer parte, sem que se saiba ao certo quem vai ser atingido. Certo é que o capitalismo é um jogo de soma zero: se uns ganham outros perdem. E no presente “crash imobiliário” (que já tinhamos previsto aqui desde 2005) os perdedores vão estando já identificados: os que têm créditos de hipoteca sobre a habitação, os pensionistas de planos privados dependentes de fundos de investimento imobiliário e os trabalhadores do sector da construção civil (já de si em crise) e de todas as actividades relacionadas com o sector da construção.

Com a crise vão tentar capitalizar os tubarões do costume – aqueles a favor de quem o sector público (o Estado) limpa as dívidas socializando-as (como se fossem de toda a sociedade, fazendo-a como um todo pagar por elas); dividas essas que foram causadas apenas pelos grandes capitalistas (too big to fail) por investimentos de alto risco, senão mesmo fraudulentos, na expectativa de cada vez mais lucros em prol da sacrossanta economia de mercado que seria suposto sustentar o castelo de cartas. A impostura económica.
Sem economias reais capazes de sustentar os seus sistemas sociais e face aos meios necessários para prover os gigantescos consumos das suas populações, os governos soçobram sob o peso dos défices, salvos por emissões massivas de dinheiro como pretexto para, a par da inflação, cortarem beneficios sociais adquiridos, ao mesmo tempo que fazem baixar os salários dos trabalhadores.

Dois anos depois da previsão de Robert Kurz, confirma-se por aqui que a bolha imobiliária vai rebentar: The Economist: "The danger of a global house-price collapse". Citando: “Nunca antes os preços de mercado da habitação cairam tão depressa, durante um periodo tão longo, em simultâneo em tantos paises. Os mercados do imobiliário têm-se desvalorizado desde a América do Norte até Inglaterra e da Austrália a França, de Espanha até à China. O crescimento inflacionado do preço das propriedades tem vindo a sustentar o mercado mundial de acções na economia global desde o rebentamento da bolha da “nova economia” (Nasdaq) no ano 2000 (depois da queda da economia virtual os especuladores financeiros enterraram literalmente os valores que sobreviveram em tijolos esperando obter deles mais-valias - existem no mundo inteiro cerca de 9500 fundos especulativos sobre o imobiliário, que movimentam mais de 1.400 mil milhões de euros) - Inflacionar o preço do imobiliário deu um empurrão à economia mundial. Que acontece quando esses valores caem?”
No nosso caso basta ler o blogue “Ambio” para se fazer uma antecipação: “Quando milhares de proprietários que açambarcam especulativamente imóveis desocupados quiserem reaver a liquidez do seu capital, vendendo a casa a quem a deseje de facto habitar, hão-de constatar que não existem compradores-habitantes em número suficiente para adquirir todos os imóveis. Há centenas de milhar de fogos habitacionais novos em Portugal que nunca tiveram, nem nunca vão ter, quem neles resida - a má notícia para os especuladores é que a escassa procura para habitação deixará de ser compensada pela procura para especulação, ou seja: cairá dramaticamente a procura agregada de imóveis e o enorme excesso de oferta encarregar-se-á de fazer baixar os preços.Há anos que os analistas previam este desfecho". (ler mais)



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